Em meu consultório de ortopedia em Goiânia, tenho observado um crescente interesse dos pacientes querendo saber se colágeno para joelho funciona mesmo, com foco em problemas articulares.
A osteoartrite – desgaste natural da cartilagem que reveste as articulações – é uma condição extremamente comum que afeta até 15% da população acima de 60 anos, com maior prevalência entre mulheres.
Para quem ainda tem dúvidas sobre o efeito do colágeno no joelho, analisarei neste artigo a eficácia dos suplementos orais de colágeno para a saúde do joelho, baseando-me em evidências científicas atuais e minha experiência clínica.
O que é o colágeno e qual sua importância para as articulações?
O colágeno é a proteína mais abundante no corpo humano, responsável por fornecer sustentação e resistência a diversos tecidos, incluindo a cartilagem articular.
Com o envelhecimento, a produção natural de colágeno diminui, resultando em perda de elasticidade e integridade da cartilagem, o que pode levar a desgastes articulares e sintomas como dor, rigidez e limitação de movimento.
Na articulação do joelho, a cartilagem atua como um “amortecedor” entre o fêmur e a tíbia. Quando essa cartilagem se deteriora, surgem sintomas como estalos, inchaço e dificuldade para realizar tarefas simples do dia a dia.
É nesse contexto que a suplementação com colágeno tem ganhado atenção como uma possível intervenção terapêutica.
Tipos de colágeno para a saúde articular
Costumo destacar dois principais tipos de colágeno utilizados em suplementos para articulações:
- Colágeno Tipo II não desnaturado (UC-II): Derivado principalmente da cartilagem de frango, preserva sua estrutura molecular original. Estudos sugerem que doses de 40mg diárias são suficientes para obter benefícios.
- Colágeno Hidrolisado: Passa por um processo de hidrólise que quebra moléculas maiores em peptídeos menores, facilitando a absorção. Geralmente utilizado em doses entre 10g diárias.
Colágeno para joelho funciona mesmo: o que dizem os estudos científicos recentes?
Sim, o colágeno para joelho funciona mesmo. Segundo uma meta-análise publicada em 2023, analisando 11 estudos clínicos randomizados com 870 participantes, houve uma melhora significativa tanto na função articular quanto nos escores de dor em pacientes usando suplementação de colágeno para osteoartrite de joelho.
Os resultados foram considerados relevantes tanto estatisticamente quanto clinicamente.
Em outro estudo com atletas que apresentavam dor articular relacionada à atividade física, mas sem evidência de doença articular, a suplementação com colágeno hidrolisado por 24 semanas apresentou melhora considerável em diversos parâmetros de dor quando comparado ao placebo.
Uma investigação conduzida em 2017 analisou os efeitos do colágeno hidrolisado na mobilidade funcional do joelho através de testes isométricos e isocinéticos. Os resultados demonstraram melhora na funcionalidade do joelho durante atividades que causam elevado estresse nas articulações.
Em meu consultório, tenho observado resultados similares, principalmente em pacientes com estágios iniciais de osteoartrite que associam a suplementação de colágeno a um programa adequado de fortalecimento muscular.
Tempo para resultados e expectativas realistas
Uma das perguntas mais frequentes que recebo entre meus pacientes é: “quanto tempo leva para o colágeno fazer efeito?”.
Baseado na literatura científica e em minha experiência, os efeitos da suplementação geralmente começam a ser percebidos após 4 a 6 semanas de uso contínuo.
Após 60 dias, muitos pacientes relatam redução na dor e maior mobilidade. Em 90 dias, os benefícios tendem a se tornar mais evidentes, incluindo melhora na flexibilidade e diminuição da rigidez articular.
No entanto, é importante destacar que a resposta varia conforme diversos fatores individuais, como idade, gravidade da lesão articular, qualidade do suplemento e adesão ao tratamento.
Limitações e recomendações clínicas
Apesar dos resultados promissores, é fundamental manter expectativas realistas. Em minha experiência com centenas de pacientes, observo que o colágeno parece ser mais eficaz em casos de osteoartrite leve a moderada (graus II e III).
Para lesões mais graves, frequentemente são necessárias intervenções adicionais.
Um estudo recente comparando terapia oral de colágeno hidrolisado (10g) combinado com fucoidan (100mg) versus tratamentos intra-articulares (ácido hialurônico e plasma rico em plaquetas) demonstrou que a terapia oral obteve melhores resultados nas escalas WOMAC e VAS (escalas de avaliação de dor e função) após 12 semanas de uso.
Vale ressaltar que o colágeno não substitui outros tratamentos. Em meu clínica, recomendo a suplementação como parte de uma abordagem multimodal que inclui controle de peso, fortalecimento muscular adequado e, quando necessário, medicamentos anti-inflamatórios.
Quem deve procurar orientação médica antes de iniciar?
Embora os suplementos de colágeno sejam geralmente considerados seguros, sempre recomendo a consulta com um ortopedista especializado antes de iniciar a suplementação com colágeno, especialmente nos seguintes casos:
- Dor persistente ou de intensidade crescente no joelho.
- Inchaço recorrente ou limitação significativa de movimento.
- Histórico de lesões prévias no joelho.
- Pessoas com comorbidades como gota ou doenças renais crônicas.
- Atletas com alta demanda física sobre as articulações.
Um ortopedista poderá avaliar adequadamente o estágio de desgaste articular e recomendar o tipo e dosagem mais adequados de colágeno, quando indicado, além de outras intervenções necessárias.
Conclusão
Baseado em minha experiência clínica e nas evidências científicas disponíveis, posso afirmar que o colágeno para joelho funciona mesmo, principalmente o tipo II não desnaturado e o colágeno hidrolisado, mostra resultados promissores para a saúde do joelho, especialmente no alívio da dor e na melhora da função articular.
Uma meta-análise recente demonstrou melhoras estatisticamente significativas e clinicamente relevantes em escores de dor e função em pacientes com osteoartrite de joelho.
Outros estudos mostram benefícios para atletas com dor articular e melhora na mobilidade funcional durante atividades de estresse.
O importante é ter expectativas realistas e entender que o colágeno não é uma “cura milagrosa”, mas pode ser um complemento valioso dentro de uma abordagem terapêutica abrangente.
Para resultados otimizados, recomendo que a suplementação seja orientada por um ortopedista qualificado e integrada a um programa adequado de exercícios, controle de peso e outras medidas terapêuticas conforme a necessidade individual.
Em minha prática de mais de uma década, tenho visto cada vez mais evidências de que, quando bem indicado, o colágeno pode sim contribuir para a saúde articular e proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes com problemas no joelho.
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