Durante meus mais de 15 anos de experiência como ortopedista especialista em joelho em Goiânia, tenho observado um aumento significativo nos casos de síndrome patelofemoral em meu consultório.
Esta condição, que inicialmente era vista principalmente em atletas, hoje afeta pessoas de todas as idades e níveis de atividade física.
A síndrome patelofemoral não é apenas uma “dorzinha” passageira, trata-se de uma condição complexa que pode impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, limitando atividades simples como subir escadas, agachar-se ou mesmo permanecer sentado por períodos prolongados.
Em minha prática clínica, tenho visto como essa condição pode evoluir e se tornar crônica quando não tratada adequadamente, razão pela qual sempre enfatizo a importância do diagnóstico precoce e tratamento apropriado.
O Que é Síndrome Patelofemoral
A síndrome patelofemoral, também conhecida como síndrome da dor anterior do joelho, refere-se à dor localizada na região anterior do joelho, especificamente ao redor ou atrás da patela (rótula).
É uma condição que ocorre quando há um desequilíbrio na articulação entre a patela e o fêmur, gerando pressão excessiva ou desalinhamento durante os movimentos do joelho.
O que torna essa síndrome particularmente desafiadora é sua natureza multifatorial. Ao longo dos anos, observei que raramente existe uma única causa isolada, mas sim uma combinação de fatores que predispõem ao desenvolvimento da dor patelofemoral.
Esta complexidade explica por que alguns pacientes podem ter sintomas persistentes se não abordarmos todos os aspectos envolvidos no problema.
Principais Causas e Fatores de Risco
Entre as causas mais comuns da síndrome patelofemoral, destaco:
- Sobrecarga repetitiva da articulação.
- Fraqueza muscular (especialmente do quadríceps e glúteos).
- Alterações biomecânicas.
Pacientes com pés planos, hiperpronação ou diferenças no comprimento das pernas apresentam maior predisposição ao desenvolvimento desta condição.
Um aspecto que sempre discuto com meus pacientes é o papel do estilo de vida moderno. O sedentarismo, seguido de atividade física intensa sem preparação adequada, tem sido um padrão recorrente nos casos que atendo.
Observo também que o uso inadequado de calçados e o aumento rápido da intensidade de exercícios físicos são fatores de risco importantes que muitos pacientes não consideram.
Outro aspecto é a questão do desalinhamento patelar. Quando os músculos que controlam o movimento da patela não funcionam de forma equilibrada, seja por fraqueza ou por padrões de movimento inadequados, a patela pode se mover de forma anormal, causando atrito e dor.
Este desalinhamento é particularmente comum em mulheres, devido a diferenças anatômicas como o ângulo Q (ângulo entre o quadríceps e o tendão patelar).
Sintomas que Não Devem Ser Ignorados
Os pacientes geralmente relatam um conjunto característico de sintomas:
- Dor incômoda e difusa na região anterior do joelho, que normalmente começa de forma gradual e piora com atividades específicas.
- Dor que se intensifica ao subir ou descer escadas, agachar-se, permanecer sentado por longos períodos (fenômeno conhecido como “sinal do cinema”), ou durante atividades esportivas.
- Sensação de estalos ou rangidos no joelho durante o movimento, que tecnicamente chamamos de crepitação.
- Sensação de instabilidade ou “falseio” do joelho, especialmente durante mudanças de direção ou em superfícies irregulares.
Diagnóstico Preciso
O diagnóstico da síndrome patelofemoral baseia-se principalmente na avaliação clínica detalhada.
Realizo uma anamnese cuidadosa, seguida de exame físico específico que inclui testes como o sinal de Clarke, teste de apreensão patelar e avaliação do alinhamento dos membros inferiores.
Embora o diagnóstico seja predominantemente clínico, solicito exames de imagem quando necessário.
A ressonância magnética é particularmente útil para avaliar o estado da cartilagem patelar e descartar outras patologias.
Radiografias podem ajudar a identificar alterações no alinhamento ósseo ou sinais de artrose patelofemoral mais avançada.
Abordagem Terapêutica
O tratamento da síndrome patelofemoral é predominantemente conservador e individualizado.
A fisioterapia especializada constitui a base do tratamento, focando no fortalecimento muscular (especialmente quadríceps e glúteos), correção de padrões de movimento e melhora da flexibilidade.
Tenho observado excelentes resultados com programas de exercícios que combinam fortalecimento em cadeia cinética aberta e fechada.
Exercícios como agachamentos controlados, step-ups e fortalecimento específico do glúteo médio têm se mostrado bem eficazes.
Para casos com componente inflamatório significativo, utilizo a viscossuplementação com ácido hialurônico intra-articular.
Esta técnica não apenas proporciona alívio mais rápido da dor, como também pode retardar a progressão de danos à cartilagem.
É importante esclarecer aos pacientes que este procedimento faz parte de um tratamento mais amplo, não sendo uma solução isolada.
Dados Epidemiológicos Relevantes
Os números relacionados à síndrome patelofemoral são impressionantes e refletem o que observo em minha prática diária.
Estudos internacionais mostram que a prevalência anual na população geral é de aproximadamente 22,7%, chegando a 28,9% em adolescentes.
No Brasil, pesquisas revelam dados ainda mais alarmantes: um estudo com escolares em Natal encontrou prevalência de 29,7%, enquanto outro com universitários mostrou 27,09% de casos.
Estes dados corroboram minha experiência clínica em Goiânia, onde tenho observado um número crescente de jovens e adultos jovens com esta condição.
Particularmente preocupante é o fato de que a síndrome patelofemoral afeta desproporcionalmente o sexo feminino, com estudos mostrando prevalência de 29,2% em mulheres versus 15,5% em homens.
Prevenção: A Melhor Estratégia
Ao longo dos anos, desenvolvi protocolos de prevenção que compartilho com meus pacientes, especialmente aqueles em grupos de risco.
A prevenção da síndrome patelofemoral baseia-se em:
- Fortalecimento muscular adequado, principalmente dos músculos estabilizadores do quadril e joelho.
- Manutenção da flexibilidade.
- Progressão gradual nas atividades físicas.
- Uso de calçados apropriados.
Para meus pacientes atletas, enfatizo a importância do treinamento de força específico e correção de padrões de movimento inadequados.
Conclusão
A síndrome patelofemoral é uma condição complexa, mas altamente tratável quando abordada adequadamente.
Tenho testemunhado inúmeras recuperações completas de pacientes que seguiram rigorosamente os protocolos de tratamento estabelecidos.
O sucesso terapêutico depende fundamentalmente do diagnóstico precoce, compreensão das causas subjacentes em cada caso específico, e implementação de um programa de tratamento individualizado.
É de suma importância que os pacientes compreendam que a síndrome patelofemoral não é apenas uma “dor normal” que deve ser tolerada, mas sim uma condição médica que requer atenção especializada.
Através de uma abordagem multidisciplinar, combinando conhecimento médico especializado, fisioterapia direcionada e, quando necessário, procedimentos como a viscossuplementação, conseguimos excelentes resultados na grande maioria dos casos.
Está sofrendo com dor no joelho? Não deixe que a síndrome patelofemoral limite sua qualidade de vida.
Como ortopedista especialista em joelho com vasta experiência no tratamento desta condição, estou aqui para ajudá-lo.
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