Ao longo da minha carreira como ortopedista especializado em joelho, uma das perguntas mais frequentes no meu consultório é: artrose no joelho tem cura?
Neste artigo, vou abordar essa questão de forma abrangente, discutindo desde a natureza da artrose no joelho, seus tratamentos disponíveis e o que a medicina atual nos diz sobre a possibilidade de cura.
Também explorarei as abordagens conservadoras, farmacológicas e cirúrgicas, além da importância do acompanhamento especializado para garantir a melhor qualidade de vida aos pacientes.
O que é artrose no joelho e qual sua prevalência?
A artrose no joelho, também conhecida como osteoartrite, é uma doença degenerativa caracterizada pelo desgaste progressivo da cartilagem articular e pela inflamação da articulação.
É uma condição que afeta significativamente a população mundial, especialmente pessoas acima de 60 anos.
Com base minha experiência clínica, posso afirmar que os principais sintomas incluem dor, rigidez, inchaço e limitação de movimentos, que tipicamente pioram com atividades de impacto e melhoram com repouso.
Dados epidemiológicos são alarmantes: aproximadamente 13% das mulheres e 10% dos homens com mais de 60 anos apresentam artrose no joelho sintomática.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 15 milhões de brasileiros receberam diagnóstico de artrose, onde a condição é responsável por 7,5% de todos os afastamentos do trabalho e é a quarta doença mais comum a determinar aposentadoria.
Estudos recentes realizados pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington projetam que aproximadamente 1 bilhão de pessoas sofrerá com osteoartrite até 2050.
Outra pesquisa publicada pelo Colégio Americano de Reumatologia evidenciou um salto de 113,25% na incidência entre 1990 e 2019, passando de 247,51 milhões para 527,81 milhões de casos no mundo.
Artrose no joelho tem cura? Entendendo as possibilidades
A pergunta sobre se artrose no joelho tem cura exige uma resposta cuidadosa. Do ponto de vista estritamente médico, a artrose é uma condição crônica para a qual não existe uma cura definitiva, no sentido de reverter completamente as alterações na cartilagem articular já desgastada.
Entretanto, na minha prática clínica diária como ortopedista especializado em artrose no joelho, prefiro abordar essa questão de forma mais nuançada.
Embora não possamos regenerar completamente a cartilagem degenerada, a artrose no joelho tem cura em um sentido mais amplo, quando consideramos “cura” como o controle efetivo dos sintomas e a manutenção da função articular.
Este processo não é simples nem rápido – ele acontece por meio de um trabalho eficiente e bem articulado entre profissionais de saúde, exigindo comprometimento do paciente e uma abordagem personalizada.
Em meu consultório, vejo regularmente pacientes que, após seguirem um plano terapêutico adequado, conseguem retomar suas atividades cotidianas com mínimo desconforto, o que representa uma forma de “cura funcional”, ainda que as alterações estruturais permaneçam.
Tratamentos conservadores: a base da terapêutica
O tratamento da artrose no joelho deve ser individualizado e multidisciplinar.
As diretrizes clínicas atuais, como as da EULAR (European Alliance of Associations for Rheumatology) e da OARSI (Osteoarthritis Research Society International), recomendam uma abordagem gradual, começando sempre pelos métodos não-cirúrgicos.
Os pilares do tratamento conservador incluem:
Exercício físico estruturado
O exercício físico representa a intervenção mais eficaz para a maioria dos pacientes. Estudos demonstram que exercícios de fortalecimento muscular, combinados com atividades aeróbicas de baixo impacto como natação, ciclismo e caminhada, reduzem a dor e melhoram a função articular.
Recomendo aos meus pacientes uma combinação de exercícios supervisionados e um programa domiciliar, pois esta abordagem tem demonstrado os melhores resultados.
Controle de peso
Pesquisas indicam que a perda de apenas 1 kg de peso corporal pode reduzir em até 4 kg a pressão exercida sobre o joelho.
Por isso, frequentemente encaminho pacientes com sobrepeso para nutricionistas, como parte de uma abordagem multidisciplinar.
Terapias farmacológicas
Medicamentos analgésicos como paracetamol e anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) podem proporcionar alívio sintomático.
As infiltrações com corticosteroides são eficazes para crises agudas de dor, enquanto as injeções de ácido hialurônico podem proporcionar alívio por períodos mais longos em casos selecionados.
Em meu consultório, tenho observado resultados variáveis com suplementos como glucosamina e condroitina. As evidências científicas sobre sua eficácia são mistas, mas alguns pacientes relatam benefícios.
Abordagens cirúrgicas: quando considerar
Quando perguntados se artrose no joelho tem cura através da cirurgia, esclareço que os procedimentos cirúrgicos não “curam” a artrose, mas podem ser necessários em casos refratários ao tratamento conservador.
É importante destacar que estudos recentes publicados no British Medical Journal demonstraram que a artroscopia (procedimento minimamente invasivo) não apresenta benefícios significativos para pacientes com artrose degenerativa quando comparada com tratamentos conservadores bem conduzidos.
Para casos mais avançados, a artroplastia (substituição parcial ou total da articulação) pode ser considerada. Esse procedimento tem alto índice de sucesso na melhoria da qualidade de vida e redução da dor em pacientes cuidadosamente selecionados.
A importância do acompanhamento especializado
Em caso de suspeita de artrose no joelho, é primordial buscar o acompanhamento de um ortopedista especialista em artrose.
O diagnóstico preciso e precoce, baseado em avaliação clínica e exames de imagem adequados, permite a implementação de estratégias terapêuticas personalizadas que podem alterar significativamente o curso da doença.
Na minha experiência de consultório, percebo que pacientes que iniciam o tratamento nas fases iniciais da artrose conseguem melhores resultados a longo prazo.
O especialista pode identificar fatores de risco modificáveis, como desalinhamentos biomecânicos, e propor intervenções específicas que podem retardar a progressão da doença.
Conclusão
Novas pesquisas em terapias biológicas, como aplicações de plasma rico em plaquetas e células-tronco, embora ainda em fase experimental, oferecem perspectivas promissoras para o futuro do tratamento da artrose.
Como especialista que acompanha de perto essas inovações, mantenho-me cautelosamente otimista.
Então, artrose no joelho tem cura? A resposta depende da definição de cura que adotamos. Embora não possamos reverter completamente as alterações estruturais, podemos sim oferecer controle eficaz dos sintomas, melhoria funcional e qualidade de vida à grande maioria dos pacientes.
O mais importante é compreender que o tratamento da artrose requer uma abordagem personalizada, multidisciplinar e progressiva, com o paciente desempenhando papel ativo em seu processo terapêutico.
Em minha clínica, tenho testemunhado inúmeros casos de pacientes que, com o tratamento adequado, conseguiram retomar suas atividades diárias e até mesmo práticas esportivas, apesar do diagnóstico de artrose no joelho.
A chave para o sucesso está na intervenção precoce, na personalização do tratamento e no compromisso do paciente com as recomendações médicas, sempre sob supervisão de um ortopedista especializado.
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