Os cistos no joelho representam um problema ortopédico comum que afeta pessoas de diversas idades, embora seja mais prevalente em adultos entre 35 e 70 anos.

Em minha experiência clínica, observo que muitos pacientes chegam ao consultório preocupados ao descobrirem um nódulo ou “bolinha” na região do joelho, temendo condições mais graves.

Para esclarecer todas essas dúvidas, abordarei neste artigo os diferentes tipos de cistos no joelho, suas causas, sintomas, métodos de diagnóstico e opções de tratamento disponíveis atualmente.

O que são cistos no joelho?

Os cistos no joelho são lesões caracterizadas pelo acúmulo de líquido dentro de uma pequena bolsa, formando uma estrutura semelhante a uma bola.

Do ponto de vista técnico, um cisto é definido como uma cavidade fechada, ou saco, revestido por epitélio, que pode conter líquido ou material semissólido.

Em meu consultório, explico aos pacientes que estas formações são geralmente benignas e podem surgir em diferentes regiões do joelho.

De acordo com estudos recentes, cistos no joelho podem ser classificados em verdadeiros cistos (aqueles revestidos por células, como cistos sinoviais, bursas, gânglios e cistos meniscais) e imitadores de cistos (lesões traumáticas, processos infecciosos, lesões vasculares e neoplasias).

A prevalência varia significativamente dependendo do método de imagem utilizado nos estudos.

Pesquisas que utilizaram ressonância magnética demonstram uma prevalência entre 5% e 40%, sendo mais comum em adultos.

Principais tipos de cistos no joelho

Os tipos de cistos no joelho variam principalmente em relação à sua localização e origem. Baseado na literatura médica atual e em minha experiência como ortopedista especialista em doenças do joelho, destaco os quatro principais tipos:

1. Cisto de Baker (Cisto Poplíteo)

O cisto de Baker, também conhecido como cisto poplíteo, é o tipo mais comum, sendo encontrado em até 40% dos exames de ressonância magnética de joelho. Ele se forma na região posterior do joelho, entre o ventre medial do músculo gastrocnêmio e o tendão semimembranoso.

É um que cisto que geralmente está associado a problemas intra-articulares como artrose e lesões meniscais. O líquido sinovial escapa pela parte posterior da articulação e forma um cisto que é percebido pelo paciente como um nódulo macio na região poplítea do joelho.

2. Cistos Meniscais

Os cistos meniscais são coleções líquidas associadas a lesões meniscais e podem ser classificados em três tipos: intrameniscais, parameniscais e sinoviais.

Os cistos parameniscais são mais frequentes no menisco lateral e surgem quando há extrusão do líquido sinovial através de uma lesão horizontal do menisco.

Pacientes com cistos meniscais frequentemente apresentam dor localizada na linha articular e, em alguns casos, uma massa palpável ao exame físico, e estudos mostram que em 90% dos casos há uma lesão meniscal associada.

3. Cistos Ganglionares

Os cistos ganglionares são massas compostas por fluido que geralmente se formam ao longo dos tendões ou articulações dos joelhos. Podem aparecer em diferentes localizações, inclusive junto aos ligamentos cruzados do joelho, sendo mais comuns no ligamento cruzado anterior (LCA).

Em meu consultório, frequentemente explico aos pacientes que esses cistos, embora possam causar desconforto, raramente representam condições graves.

4. Cistos Intraósseos

Os cistos intraósseos formam-se dentro do osso e estão geralmente associados à artrose.

Estes cistos se desenvolvem quando o líquido do joelho penetra em fissuras ósseas decorrentes do desgaste articular. São menos comuns, mas importantes para o diagnóstico diferencial.

Sintomas e diagnóstico

Na minha experiência tratando cistos no joelho, observo que os sintomas variam conforme o tipo e tamanho do cisto. Os sintomas mais comuns são:

  • Crescimento de uma lesão palpável na região do joelho.
  • Dores recorrentes no joelho.
  • Sensação de crepitação e travamento da articulação.
  • Limitação de movimento.

É interessante notar que, segundo estudos recentes, muitos cistos são assintomáticos e acabam sendo descobertos incidentalmente durante exames de imagem realizados por outros motivos.

Para o diagnóstico, utilizo em minha prática clínica:

  • Exame físico detalhado.
  • Ultrassonografia, adequada para identificar e mensurar cistos poplíteos.
  • Ressonância magnética, considerada o exame de escolha para diagnóstico preciso de cistos no joelho.

Sempre destaco aos pacientes que a correta identificação do tipo de cisto é fundamental para determinar o tratamento adequado.

Em caso de suspeita de cisto no joelho, é primordial buscar o acompanhamento de um ortopedista especialista em cistos no joelho para um diagnóstico preciso.

Tratamentos disponíveis

O tratamento dos tipos de cistos no joelho varia conforme a causa subjacente, tamanho e sintomas apresentados.

Baseado nas mais recentes evidências científicas e em minha experiência com pacientes, as abordagens incluem:

Tratamento conservador

  • Repouso e modificação de atividades.
  • Medicamentos anti-inflamatórios.
  • Fisioterapia.
  • Aspiração do cisto com agulha (em casos selecionados).

O tratamento do cisto deve focar primeiramente na doença de base – como a artrose ou lesão meniscal – que está causando o cisto.

Tratamento cirúrgico

A abordagem cirúrgica pode ser necessária quando:

  • Os sintomas persistem apesar do tratamento conservador.
  • Há lesões associadas que requerem correção..
  • O cisto causa limitação funcional significativa

Entre as técnicas cirúrgicas mais utilizadas, destaco:

  • Artroscopia para tratar lesões meniscais associadas.
  • Decompressão ou excisão do cisto.
  • Tratamento das lesões intra-articulares.

Com base em minha prática clínica, posso afirmar que o tratamento dos cistos meniscais apresenta taxas de sucesso significativamente mais altas quando tanto o cisto quanto a lesão meniscal são tratados, comparado ao tratamento isolado de apenas uma das condições.

Minha experiência clínica com cistos no joelho

Ao longo de minha carreira, tenho tratado centenas de pacientes com diferentes tipos de cistos no joelho.

Uma observação importante é que muitos pacientes ficam extremamente preocupados ao descobrirem um cisto, temendo malignidade.

É reconfortante poder informar que a grande maioria dos cistos no joelho é benigna. Porém, como sempre oriento em meu consultório, há alguns sinais de alerta que merecem atenção especial:

  • Sintomas desproporcionais ao tamanho do cisto.
  • Ausência de lesão articular que justifique o cisto.
  • Topografia atípica.
  • Erosão óssea associada.
  • Tamanho superior a 5cm.
  • Invasão tecidual.

Na maioria dos casos que acompanho, os cistos de Baker não precisam de abordagem direta, melhorando com o tratamento da lesão articular subjacente.

Para cistos meniscais, uma abordagem combinada de tratamento da lesão meniscal e do cisto tem mostrado os melhores resultados em minha experiência.

Conclusão

Os diversos tipos de cistos no joelho representam condições comuns que, embora geralmente benignas, podem causar desconforto e limitação funcional aos pacientes.

O conhecimento sobre suas causas, sintomas e opções de tratamento é fundamental para uma abordagem adequada.

O diagnóstico precoce e o tratamento direcionado à causa subjacente proporcionam os melhores resultados.

Em caso de suspeita de cisto no joelho, é primordial buscar o acompanhamento de um ortopedista especialista, que poderá oferecer o diagnóstico e tratamento adequados para cada caso específico.

Vale ressaltar que cada paciente é único, portanto, o tratamento deve ser individualizado conforme as características específicas de cada caso.

Dr. Ulbiramar Correia

[CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240]. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia).