A condropatia da patela é uma das condições mais frequentes que observo em meu consultório. Como ortopedista especializado em joelho em Goiânia, tenho acompanhado dezenas de pacientes com esta condição que afeta a cartilagem da patela (ou rótula).

A condropatia patelar grau 2 representa um estágio específico desta patologia, caracterizado por alterações iniciais na estrutura da cartilagem que, embora não sejam tão graves quanto os estágios mais avançados, já trazem sintomas significativos e merecem atenção especial.

Preparei esse conteúdo exclusivo para explicar em detalhes a condropatia patelar grau 2, abordando causas, sintomas e as melhores abordagens terapêuticas.

O que é Condropatia Patelar Grau 2

A condropatia patelar grau 2 é caracterizada pela presença de fissuras superficiais na cartilagem da patela, atingindo menos de 50% da espessura total deste tecido. 

Neste estágio, a cartilagem começa a apresentar pequenas descamações superficiais, conferindo um aspecto felpudo ao tecido.

Durante os procedimentos de artroscopia que realizo, consigo identificar claramente estas alterações – a cartilagem que normalmente seria lisa e brilhante apresenta áreas com fibrilações e pequenas lesões com diâmetro de até 1,3 cm. 

Estas mudanças iniciais indicam danos ao colágeno que forma a estrutura da cartilagem, onde as fibras que normalmente são firmemente enroladas começam a se desenrolar.

A classificação em graus, proposta por Outerbridge e amplamente utilizada por especialistas como eu, nos ajuda a determinar a gravidade e o prognóstico da condição.

O grau 2 representa um estágio intermediário inicial, onde já existem alterações estruturais evidentes, mas ainda não temos a exposição do osso subcondral que ocorre nos graus mais avançados.

Sintomas e Como Identificar

Em minha experiência com pacientes portadores de condropatia patelar grau 2, os sintomas mais comuns relatados são:

  • Dor constante na região anterior do joelho, frequentemente acompanhada por estalos mais pronunciados.
  • Dor durante atividades físicas, especialmente ao subir e descer escadas.
  • Desconforto ao usar calçados de salto alto ou permanecer sentado por longos períodos.
  • Sensação de crepitação (como se houvesse “areia” dentro do joelho).
  • Inchaço ocasional após atividades mais intensas.

Muitos pacientes se queixam que a dor piora ao final do dia, especialmente após longos períodos em pé ou caminhadas prolongadas.

Durante a avaliação clínica, costumo identificar sensibilidade à palpação da região patelar e, em alguns casos, leve derrame articular.

Causas

Ao longo de anos atendendo pacientes com problemas no joelho, identifiquei diversos fatores que contribuem para o desenvolvimento da condropatia patelar grau 2:

  • Desalinhamento biomecânico do joelho, muito comum em mulheres devido à largura da pelve.
  • Atividades físicas de alto impacto realizadas sem a técnica adequada.
  • Traumas diretos na região da patela.
  • Fraqueza muscular, especialmente do quadríceps.
  • Predisposição genética para alterações na cartilagem.
  • Excesso de peso que aumenta a pressão na articulação patelofemoral.

Muitos corredores amadores desenvolvem esta condição devido a erros de treinamento e falta de fortalecimento muscular adequado.

Também há uma incidência desta condição em adolescentes em fase de crescimento, particularmente meninas que praticam esportes de impacto.

Tratamentos

A abordagem terapêutica para condropatia patelar grau 2 é sempre individualizada, mas geralmente envolve:

  1. Fisioterapia específica: São prescritos exercícios para fortalecimento do quadríceps e musculatura estabilizadora do joelho, essenciais para a distribuição adequada de forças na articulação patelofemoral.
  2. Controle da dor e inflamação: Em alguns casos, recomenda-se o uso de anti-inflamatórios não-esteroides por curtos períodos.
  3. Modificação das atividades: É aconselhável evitar temporariamente atividades de alto impacto, substituindo-as por exercícios como natação ou bicicleta.
  4. Órteses e suportes: Em alguns casos, indica-se o uso de joelheiras específicas que ajudam no alinhamento patelar.
  5. Suplementação nutricional: Muitos pacientes têm se beneficiado com a suplementação de colágeno tipo 2, que pode ajudar na manutenção da cartilagem.
  6. Terapias regenerativas: Em casos selecionados, considera-se o uso de plasma rico em plaquetas (PRP) ou outras terapias que visam estimular a regeneração do tecido cartilaginoso.

É importante ressaltar que, quanto mais precoce o tratamento, melhores são os resultados.

Tenho visto pacientes que, seguindo corretamente as recomendações, conseguem retornar às suas atividades habituais com significativa redução dos sintomas.

Prevenção e Convivência com a Condição

Algumas medidas preventivas devem ser adotadas para ajudar a evitar a progressão da condropatia patelar grau 2:

  • Manter um peso adequado para diminuir a sobrecarga na articulação.
  • Realizar exercícios regulares de fortalecimento muscular, especialmente do quadríceps.
  • Utilizar calçados adequados para cada atividade física.
  • Evitar o uso excessivo de salto alto.
  • Realizar alongamentos antes e após as atividades físicas.
  • Corrigir erros técnicos durante a prática esportiva.

Sempro enfatizo a importância do acompanhamento regular. Muitos dos meus pacientes com condropatia patelar grau 2 conseguem manter uma vida ativa e funcional quando seguem as orientações terapêuticas e fazem adaptações inteligentes em suas atividades.

Conclusão

A condropatia patelar grau 2 representa um estágio importante no processo degenerativo da cartilagem, onde já existem alterações estruturais visíveis, mas ainda há boas possibilidades de controle dos sintomas e prevenção da progressão.

Em meus anos de prática clínica, tenho visto resultados muito positivos quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento é iniciado de forma adequada e personalizada.

O mais importante é entender que, embora a cartilagem tenha baixa capacidade de regeneração, com os cuidados corretos é possível manter a funcionalidade e qualidade de vida.

O acompanhamento regular com um ortopedista de joelho e a adesão às recomendações terapêuticas são fundamentais para o sucesso do tratamento da condropatia patelar grau 2.

Dr. Ulbiramar Correia

[CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240]. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia).