Em minha prática clínica como ortopedista especializado em problemas do joelho, a condropatia patelar grau 2 de Outerbridge é uma condição que encontro com frequência no consultório.

Trata-se de uma alteração na cartilagem da patela (também conhecida como rótula), aquele osso triangular localizado na parte anterior do joelho que desempenha papel fundamental nos movimentos de flexão e extensão.

Durante anos de experiência, tenho observado como essa condição pode impactar significativamente a qualidade de vida dos meus pacientes, manifestando-se principalmente através de dor e limitação de movimentos.

Reuni neste artigo tudo o que você precisa saber sobre condropatia patelar grau 2 de Outerbridge!

O que é a condropatia patelar grau 2 de Outerbridge?

A condropatia patelar grau 2 de Outerbridge refere-se a um estágio específico de deterioração da cartilagem que reveste a patela.

Esta classificação, elaborada pelo médico Robert Outerbridge, é amplamente utilizada por especialistas para determinar a gravidade da lesão cartilaginosa.

No grau 2, observamos a presença de fissuras ou descamações superficiais na cartilagem, conferindo um aspecto felpudo a esse tecido. 

Em termos técnicos, que sempre explico aos meus pacientes de forma simplificada, o que ocorre é que as fibras de colágeno que normalmente são firmemente enroladas na cartilagem saudável começam a se desenrolar. 

As lesões neste estágio ainda são relativamente pequenas e localizadas, geralmente com até 1,3 cm de diâmetro.

Sinais e sintomas comuns

Os pacientes com condropatia patelar grau 2 apresentam sintomas que, embora semelhantes aos do grau 1, costumam ser mais intensos e persistentes.

Os sintomas mais frequentes incluem:

  • Dor na região anterior do joelho, especialmente ao subir ou descer escadas.
  • Desconforto após permanecer sentado por longos períodos com o joelho dobrado.
  • Dor ao agachar ou ajoelhar.
  • Estalos e crepitações no joelho durante os movimentos.
  • Crises de dor mais duradouras que tendem a melhorar com repouso.
  • Alguns pacientes relatam episódios de inibição muscular, como sensação de travamento ou falseio do joelho.
  • Inchaço leve no joelho após atividades.

Muitos pacientes conseguem manter suas atividades diárias, mas sentem limitações durante exercícios físicos mais intensos ou prolongados.

Diagnóstico e avaliação clínica

O diagnóstico da condropatia patelar grau 2 inicia-se por uma anamnese detalhada e exame físico completo.

Durante a consulta, avalio cuidadosamente a articulação do joelho, verificando pontos de dor, crepitações e alinhamento patelar.

Frequentemente exames de imagem são solicitados para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão da lesão.

A ressonância magnética é particularmente útil, pois permite visualizar as alterações na cartilagem patelar características do grau 2, como edemas semelhantes a bolhas e fissuras superficiais.

Vale mecionar que nem sempre a gravidade dos sintomas corresponde diretamente ao grau de lesão cartilaginosa. Algumas pessoas com lesões semelhantes podem apresentar manifestações clínicas bastante distintas

Opções de tratamento

A abordagem para condropatia patelar grau 2 é geralmente conservadora, que envolve:

Fisioterapia

Protocolos específicos de fisioterapia focados no fortalecimento do quadríceps e músculos estabilizadores do joelho têm mostrado excelentes resultados.

A recomendação é realizar esses exercícios regularmente, pois o fortalecimento muscular adequado é fundamental para diminuir a sobrecarga na articulação patelofemoral.

Modificação de atividades

Diferente do que muitos imaginam, não recomenda-se a suspensão total de atividades físicas, pois o sedentarismo pode prejudicar significativamente a evolução do quadro.

A orientação é a substituição temporária de exercícios de alto impacto por modalidades que geram menos estresse na articulação patelofemoral, como natação ou ciclismo.

Controle da dor e inflamação

Para os períodos de crise, recomenda-se o uso de compressas de gelo após atividades e, em alguns casos, medicamentos anti-inflamatórios por curtos períodos.

Essas medidas são paliativas e devem ser associadas ao tratamento de reabilitação.

Intervenções avançadas

Em situações específicas, quando os tratamentos convencionais não apresentam resultados satisfatórios, outras intervenções podem ser consideradas.

Saiba que apenas uma pequena porcentagem de pacientes com condropatia grau 2 necessita de procedimentos como infiltrações com ácido hialurônico.

Recomendações para recuperação e prevenção

Compartilho com meus pacientes algumas recomendações importantes:

  • Manter peso adequado para reduzir a sobrecarga no joelho.
  • Utilizar calçados apropriados para atividades físicas.
  • Realizar aquecimento adequado antes dos exercícios.
  • Adotar uma progressão gradual na intensidade das atividades físicas.
  • Evitar movimentos repetitivos de alto impacto no joelho.
  • Seguir rigorosamente o programa de exercícios prescritos para fortalecimento muscular.
  • Ficar atento à biomecânica durante atividades cotidianas como subir escadas e agachamento.

Conclusão

A condropatia patelar grau 2 de Outerbridge, embora represente um desafio para muitos pacientes, geralmente responde bem ao tratamento conservador quando abordada corretamente.

A maioria dos pacientes apresenta melhora significativa dos sintomas e retorna às suas atividades normais após seguir um programa adequado de reabilitação.

O acompanhamento médico regular é fundamental para ajustar o tratamento conforme necessário e monitorar a evolução da condição.

Lembro sempre aos meus pacientes que cada caso é único e que o plano de tratamento deve ser individualizado para atender às necessidades específicas de cada pessoa.

Como ortopedista, meu objetivo é não apenas tratar os sintomas, mas proporcionar aos meus pacientes as ferramentas necessárias para que possam manter uma vida ativa e saudável, mesmo após o diagnóstico de condropatia patelar.

Dr. Ulbiramar Correia

[CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240]. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia).