Em minha prática clínica como especialista em joelho em Goiânia, atendo muitos pacientes que chegam ao consultório preocupados com dor e inchaço na articulação.

O derrame no joelho, conhecido popularmente como “água no joelho”, é um dos diagnósticos mais comuns que avalio.

Trata-se do acúmulo excessivo de líquido dentro da articulação, o que pode comprometer significativamente a mobilidade e a qualidade de vida dos pacientes.

Mas já posso adiantar que essa condição pode ter diferentes causas, desde traumas diretos até doenças inflamatórias crônicas.

O tratamento adequado depende de um diagnóstico preciso e de uma abordagem personalizada para cada paciente.

A compreensão do estilo de vida do paciente, histórico de atividades físicas e fatores de risco individuais são essenciais para um plano de recuperação eficaz e duradouro.

Como funciona o joelho e o papel do líquido sinovial

O joelho é uma das articulações mais complexas do corpo, sendo formado por ossos, ligamentos, tendões e cartilagem.

Para que seu funcionamento seja suave e sem atrito, ele conta com o líquido sinovial, produzido pela membrana sinovial.

Esse fluido tem a função de lubrificar e nutrir a cartilagem, permitindo movimentos eficientes e protegendo a articulação contra impactos.

Durante as avaliações clínicas, observo que muitos pacientes com derrame no joelho apresentam um desequilíbrio na produção e reabsorção desse líquido.

Esse acúmulo pode ser um reflexo de uma lesão, de inflamação crônica ou mesmo de uma infecção. Por isso, é fundamental determinar a causa para planejar o melhor tratamento.

Alguns pacientes relatam que, além do inchaço, percebem uma sensação de pressão dentro da articulação, o que pode dificultar a realização de movimentos simples do dia a dia, como subir escadas ou caminhar por períodos prolongados.

Principais causas do derrame no joelho

As causas podem ser classificadas em traumáticas e não traumáticas:

Causas traumáticas

  • Lesões nos ligamentos: Rupturas do ligamento cruzado anterior (LCA) ou colateral podem levar ao acúmulo de líquido.
  • Lesão meniscal: O desgaste ou rompimento do menisco pode provocar inflamação e aumento do líquido sinovial.
  • Fraturas intra-articulares: Quebras que afetam a superfície da articulação podem resultar em hemartrose (presença de sangue na articulação).
  • Impactos e quedas: Qualquer trauma direto no joelho pode gerar inflamação e consequente derrame.

Causas não traumáticas

  • Osteoartrite: Em pacientes mais velhos, o desgaste progressivo da cartilagem é uma das principais causas que identifico.
  • Artrite reumatoide: Uma doença autoimune que frequentemente presente em pacientes com inflamação crônica nas articulações.
  • Gota: A deposição de cristais de ácido úrico na articulação pode desencadear crises inflamatórias intensas.
  • Infecções: Uma preocupação séria, pois pode levar à pioartrite, necessitando de intervenção rápida.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico envolve exames clínicos e de imagem. Em meu consultório, realizo testes específicos para avaliar a mobilidade e a presença de líquido excessivo na articulação.

Muitas vezes, solicito exames como ultrassom, ressonância magnética ou até mesmo a aspiração do líquido sinovial para uma avaliação mais detalhada.

O tratamento varia de acordo com a causa do derrame. Entre as abordagens que costumo recomendar estão:

  1. Repouso e aplicação de gelo para controle do inchaço e dor;
  2. Uso de anti-inflamatórios para reduzir a inflamação;
  3. Fisioterapia para fortalecimento muscular e melhora da mobilidade;
  4. Aspiração do líquido articular, quando necessário, para aliviar a pressão na articulação;
  5. Injeção de corticosteroides, em casos de inflamação intensa.

Nos casos mais graves, como lesões ligamentares severas ou osteoartrite avançada, pode ser necessária intervenção cirúrgica, como a artroscopia ou até mesmo a substituição da articulação.

Conclusão

O derrame no joelho é uma condição que exige avaliação médica especializada para um tratamento eficaz.

Com base em minha experiência clínica, posso afirmar que, com a abordagem adequada, a maioria dos pacientes consegue recuperar a função do joelho e retornar às suas atividades diárias sem dor.

Se você tem sentido dor, inchaço ou limitação nos movimentos do joelho, procure um especialista. Um diagnóstico precoce e um tratamento bem conduzido fazem toda a diferença na recuperação.

Imagens: Créditos Freepik

Dr. Ulbiramar Correia

[CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240]. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia).