O desgaste no joelho, conhecido clinicamente como osteoartrite ou artrose, afeta milhões de brasileiros e compromete significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Segundo dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 30 milhões de pessoas no Brasil sofrem desta condição.
No meu dia a dia como ortopedista especialista em joelho, observo diariamente pacientes em busca do melhor remédio para desgaste no joelho, normalmente após tentarem diversos tratamentos sem sucesso.
Continue a leitura e confira as opções terapêuticas disponíveis, desde medicamentos convencionais até tratamentos avançados e intervenções cirúrgicas, sempre enfatizando a importância de um diagnóstico adequado antes de tomar qualquer medicamento.
O que é o desgaste no joelho
A desgaste no joelho é caracterizado pela deterioração progressiva da cartilagem articular e por alterações ósseas, incluindo os osteófitos (popularmente conhecidos como “bicos de papagaio”).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 60% dos indivíduos acima de 50 anos já apresentam algum grau de degeneração articular, e esse percentual sobe para impressionantes 80% quando analisamos pessoas na faixa dos 70-75 anos.
Em meu consultório, verifico que aos 75 anos, cerca de 85% dos pacientes possuem evidência radiológica ou clínica da doença, embora apenas 30 a 50% deles apresentem dor crônica associada às alterações visíveis nos exames.
Os principais sintomas incluem dor (especialmente ao subir escadas), rigidez matinal, inchaço e limitação progressiva da mobilidade articular.
Remédio para desgaste no joelho: o que funciona
Quando falamos de remédio para desgaste no joelho, existem diversas categorias medicamentosas com diferentes mecanismos de ação.
Os analgésicos simples, como o paracetamol, geralmente constituem a primeira linha de tratamento para sintomas leves a moderados. A dose recomendada para adultos é de 1 a 2 comprimidos de 500 mg, 3 a 4 vezes ao dia, não ultrapassando 4.000 mg diários.
Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como naproxeno, ibuprofeno e diclofenaco, são eficazes para controlar tanto a dor quanto a inflamação associada ao desgaste articular.
Estes medicamentos devem ser prescritos por períodos limitados (7 a 14 dias) para evitar efeitos adversos gastrointestinais e renais, principalmente em pacientes idosos ou com comorbidades.
Para casos de dor mais intensa, posso recomendar analgésicos mais potentes, como tramadol ou associações de paracetamol com codeína. No entanto, estes medicamentos são prescritos com cautela devido ao potencial de dependência e efeitos colaterais significativos.
Os suplementos como glucosamina e condroitina têm gerado debates na comunidade médica. Em 2013, uma revisão sistemática concluiu que o uso desses suplementos não proporciona benefícios clinicamente relevantes para pacientes com osteoartrite de joelho ou quadril.
Entretanto, alguns pacientes relatam melhora subjetiva dos sintomas com o uso continuado, o que mantém essa opção como adjuvante em casos selecionados.
O ideal é sempre consultar um ortopedista para realizar uma análise mais detalhada do desgaste no joelho e então prescrever o remédio de acordo.
Tratamentos avançados para desgaste articular
Para casos que não respondem adequadamente aos medicamentos orais, dispomos hoje de opções terapêuticas mais avançadas, como:
Infiltrações com corticosteroides
As injeções de corticosteroides proporcionam alívio rápido da dor e da inflamação, cujos efeitos geralmente duram de 2 a 3 meses, sendo uma opção válida para controle sintomático em crises agudas de dor.
Viscossuplementação com ácido hialurônico
Uma revisão sistemática publicada em 2022 indicou que essa terapia proporciona redução na dor do joelho em comparação com placebo.
O procedimento consiste na injeção de ácido hialurônico diretamente na articulação, melhorando a lubrificação e proporcionando proteção adicional à cartilagem remanescente.
Plasma Rico em Plaquetas (PRP)
O PRP tem ganhado destaque nos últimos anos. Um estudo de 2021 com 118 participantes demonstrou melhora dos sintomas da osteoartrite mesmo após um seguimento médio de 51,7 meses.
Tenho notado resultados mais satisfatórios em pacientes mais jovens e com estágios menos avançados da doença.
Abordagens não medicamentosas
Considero fundamental integrar métodos não medicamentosos ao tratamento do desgaste articular:
Fisioterapia e exercícios direcionados
A fisioterapia é componente essencial do tratamento da artrose de joelho. Um protocolo bem estruturado de exercícios ajuda a fortalecer a musculatura ao redor da articulação, melhorando a estabilidade e reduzindo a sobrecarga.
Estudos demonstram que programas de 12 semanas, com 3 sessões semanais combinando exercícios em solo e hidroterapia, proporcionam resultados efetivos no controle da dor e melhora funcional.
Controle de peso
Como enfatizo constantemente, a perda de peso é possivelmente o tratamento mais eficaz para pacientes com sobrepeso ou obesidade.
Cada quilo adicional de peso corporal adiciona aproximadamente 1 kg de pressão aos joelhos durante a posição estática, e esse valor pode quadruplicar durante a caminhada. Portanto, a redução ponderal alivia significativamente a carga sobre a articulação comprometida.
Quando considerar a cirurgia
Em casos mais avançados, quando os tratamentos conservadores já não oferecem alívio adequado, a intervenção cirúrgica pode ser necessária.
A cirurgia pode ser considerada quando o paciente apresenta:
- Dor persistente mesmo em repouso.
- Incapacidade significativa para realizar atividades diárias básicas.
- Deterioração progressiva da articulação confirmada por exames de imagem.
As opções cirúrgicas variam desde procedimentos minimamente invasivos como a artroscopia, passando pela osteotomia (que realinha a articulação para redistribuir a carga), até a artroplastia total do joelho (substituição da articulação por uma prótese).
A escolha depende da idade do paciente, nível de atividade, expectativas e grau de comprometimento articular.
Conclusão
O tratamento eficaz do desgaste no joelho requer uma abordagem personalizada e multidisciplinar.
Conforme observo diariamente, não existe um remédio para desgaste no joelho que funcione igualmente para todos os pacientes.
A chave para o sucesso terapêutico está na combinação adequada de medicamentos, terapias físicas, mudanças de estilo de vida e, quando necessário, intervenções mais avançadas.
Como ortopedista especialista, enfatizo que o primeiro e mais importante passo é buscar uma avaliação médica detalhada para identificar o estágio do desgaste articular e suas particularidades.
Somente após um diagnóstico preciso, que envolve história clínica detalhada, exame físico completo e exames complementares adequados, é possível determinar o plano terapêutico ideal para cada caso.
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