A dor no nervo atrás do joelho é uma condição complexa que frequentemente desafia tanto pacientes quanto profissionais da saúde.
Em minha experiência clínica de mais de 15 anos como ortopedista de joelho em Goiânia, observo que essa manifestação dolorosa pode ter múltiplas origens e requer uma abordagem diagnóstica minuciosa.
Vou compartilhar neste artigo informações sobre as principais causas neurológicas de dor na região posterior do joelho, sintomas característicos, métodos diagnósticos e opções de tratamento adequadas para cada situação.
Anatomia do nervo na região posterior do joelho
A fossa poplítea, região localizada atrás do joelho, possui uma anatomia complexa que engloba estruturas nervosas vitais.
O principal nervo que atravessa essa área é o nervo tibial, uma continuação do nervo ciático que desce pela parte posterior da perna.
Também encontramos o músculo poplíteo, uma pequena estrutura triangular que se origina no côndilo lateral do fêmur e no corno posterior do menisco lateral, tendo como função principal o desbloqueio da articulação do joelho.
Em meu consultório, frequentemente utilizo modelos anatômicos para explicar aos pacientes como esta região abriga não apenas nervos, mas também importantes vasos sanguíneos, tendões e músculos.
O nervo tibial e suas ramificações são responsáveis pela sensibilidade da panturrilha, calcanhar e partes do pé, além de controlarem os movimentos de flexão plantar e estabilidade do joelho.
Causas da dor no nervo atrás do joelho
A dor no nervo atrás do joelho pode ser provocada por diversas condições. Entre as causas mais frequentes, destacamos:
Síndrome do aprisionamento nervoso
O aprisionamento do nervo tibial na chamada “soleal sling” (arco do músculo sóleo) é uma condição muitas vezes negligenciada.
Os pacientes tipicamente relatam dor proximal na panturrilha, dormência na planta do pé e fraqueza na flexão dos dedos.
Cisto de Baker
O cisto poplíteo, também conhecido como cisto de Baker, é uma bolsa cheia de líquido que se forma na região posterior do joelho e pode comprimir estruturas nervosas adjacentes.
Estudos com ressonância magnética indicam que a prevalência desses cistos é de aproximadamente 5% da população adulta, sendo maior em pacientes mais velhos e com osteoartrite.
Neuropatia pós-artroplastia total de joelho
Um estudo sistemático demonstrou que neuropatias após artroplastia total de joelho são raras, com incidência de apenas 0,37% dos pacientes.
Quando ocorrem, geralmente afetam o nervo peroneal, mas o nervo tibial também pode ser comprometido, causando dor na região posterior.
Tendinopatia poplítea
A tendinite do músculo poplíteo representa uma causa frequente de dor posterolateral do joelho, especialmente em corredores e esquiadores que competem em terrenos irregulares ou com declives.
Contudo, esta condição é frequentemente mal diagnosticada como problema meniscal.
Sintomas da dor no nervo na parte posterior do joelho
Os pacientes que chegam ao meu consultório com dor no nervo atrás do joelho geralmente apresentam um conjunto característico de sintomas que incluem:
- Dor aguda localizada na região posterolateral do joelho.
- Sensação de queimação ou choque.
- Formigamento ou dormência que pode irradiar para a panturrilha e pé.
- Fraqueza na flexão dos dedos do pé.
- Exacerbação da dor durante atividades físicas, especialmente ao descer escadas ou ladeiras.
- Sinal de Tinel positivo (formigamento ao percutir o nervo afetado).
A pessoa pode também relatar um som de crepitação quando o tendão é movido, indicando inflamação local.
Em casos mais graves, observo pacientes com dificuldade para caminhar devido à instabilidade causada pela disfunção nervosa.
Diagnóstico e avaliação especializada
O diagnóstico da dor no nervo atrás do joelho exige uma abordagem meticulosa.
Com base em minha prática, inicio com uma anamnese detalhada, investigando fatores desencadeantes, duração dos sintomas e atividades que agravam ou aliviam a dor.
O exame físico consiste em:
- Palpação da fossa poplítea para identificar pontos específicos de dor.
- Testes específicos para avaliar a compressão nervosa.
- Avaliação da força muscular e sensibilidade do membro inferior.
Os exames complementares que frequentemente solicito incluem:
- Ressonância magnética (RM): essencial para visualizar compressões nervosas, cistos e alterações nos tecidos moles.
- Eletroneuromiografia (ENMG): auxilia na localização exata do comprometimento nervoso
- Ultrassonografia: útil para avaliação dinâmica da região.
Tratamentos
O tratamento varia conforme a causa identificada, mas a abordagem inicial geralmente inclui medidas conservadoras:
Tratamentos conservadores
- Repouso relativo e modificação de atividades.
- Fisioterapia com exercícios específicos para descompressão nervosa.
- Anti-inflamatórios não esteroidais para controle da dor e inflamação.
- Aplicação de compressas frias (2-3 vezes ao dia durante 15 minutos).
- Uso de órteses quando apropriado.
Tratamentos invasivos
Em casos refratários às medidas conservadoras, posso indicar:
- Infiltração com corticosteroides guiada por ultrassom.
- Liberação cirúrgica do nervo comprimido.
Um estudo interessante relatou que pacientes submetidos à descompressão cirúrgica de nervos aprisionados na fossa poplítea obtiveram alívio significativo dos sintomas, permanecendo sem dor em um acompanhamento de cinco anos após a cirurgia.
Quando procurar um ortopedista
Recomendo fortemente a consulta com um ortopedista de joelho com experiência em gerenciamento de dor quando você apresentar:
- Dor persistente na região posterior do joelho por mais de duas semanas.
- Dormência ou fraqueza na perna ou pé.
- Dificuldade para caminhar ou realizar atividades cotidianas.
- Inchaço significativo atrás do joelho.
- Dor que piora progressivamente apesar de repouso.
A avaliação precoce é fundamental, pois a compressão nervosa prolongada pode levar a danos permanentes.
Como costumo explicar aos meus pacientes, o tempo é um fator crítico no tratamento de problemas nervosos.
Prevenção de problemas no nervo da região poplítea
A prevenção da dor no nervo atrás do joelho envolve:
- Alongamentos adequados antes e após atividades físicas.
- Fortalecimento da musculatura de membros inferiores.
- Evitar o uso excessivo das articulações.
- Manutenção de peso saudável (a obesidade é um fator de risco importante).
- Técnicas corretas ao praticar esportes, especialmente corrida em declives.
Conclusão
A dor localizada no nervo atrás do joelho é uma condição que, embora desafiadora, tem tratamento eficaz quando diagnosticada corretamente.
Em meu consultório, observo que muitos pacientes sofrem desnecessariamente por atrasos no diagnóstico ou abordagens terapêuticas inadequadas.
Se você está enfrentando esse tipo de dor, não hesite em procurar um ortopedista especializado em patologias do joelho.
O diagnóstico precoce e preciso é fundamental para um tratamento bem-sucedido, evitando complicações como compressão nervosa crônica, atrofia muscular e dor persistente.
Cada caso é único e requer uma abordagem personalizada. Minha experiência mostra que, com o tratamento adequado, a maioria dos pacientes recupera plenamente a função e qualidade de vida.
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