Ao longo de minha carreira como ortopedista especialista, tenho observado um crescente interesse por tratamentos alternativos para problemas articulares.

Muitos dos meus pacientes chegam ao consultório querendo saber se mastruz serve para inflamação no joelho.

Então, esta planta, cientificamente conhecida como Chenopodium ambrosioides L. ou Dysphania ambrosioides L., apresenta propriedades anti-inflamatórias e analgésicas documentadas em diversos estudos que avaliarei neste artigo.

Minha experiência clínica, aliada às evidências científicas disponíveis, permite-me oferecer uma visão abrangente sobre o tema, sempre enfatizando a importância de passar por uma avaliação médica adequada antes da utilização de qualquer tratamento alternativo.

O que é o mastruz e suas propriedades medicinais

O mastruz, também conhecido como erva-de-santa-maria ou chá mexicano, é uma planta originária da América Central, amplamente utilizada na medicina tradicional brasileira.

Tanto que foi incluída na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme informação encontrada em publicação recente.

Estudos fitoquímicos revelam que o mastruz contém compostos bioativos como alcaloides, flavonoides, saponinas, taninos e fenólicos.

Estes componentes contribuem para suas diversas propriedades medicinais, como ações anti-inflamatórias, analgésicas, antioxidantes e antimicrobianas.

Um dos principais componentes ativos identificados é o ascaridol, um monoterpeno que demonstrou afinidade de ligação com receptores NMDA (N-metil-D-aspartato), que estão relacionados aos processos de sensibilização central e dor crônica.

Esta descoberta é particularmente relevante para a compreensão dos mecanismos de ação do mastruz no tratamento da dor articular.

Mastruz serve para inflamação no joelho? O que diz a ciência

Com base em evidências científicas, o mastruz apresenta potencial para o tratamento de inflamação no joelho.

Um estudo conduzido com ratos que possuíam osteoartrite induzida demonstrou que o tratamento com extrato de C. ambrosioides reduziu o diâmetro dos joelhos, sendo este efeito mais evidente no grupo que recebeu 5 mg/kg do extrato.

O mesmo estudo revelou que o grupo tratado com esta dosagem apresentou menor infiltrado celular na cartilagem e sinóvia, além de intensidades mais baixas de alodinia (sensibilidade à dor) a partir do terceiro dia de tratamento e de hiperalgesia a partir do sétimo dia até o último dia de tratamento.

Estes resultados sugerem que o mastruz pode ser eficaz no tratamento da osteoartrite ao reduzir a inflamação sinovial e as alterações comportamentais devido à dor.

Em minha experiência profissional como ortopedista com especialização em patologias do joelho, tenho notado que pacientes com inflamação articular leve a moderada podem se beneficiar de tratamentos complementares, sempre sob supervisão médica.

É fundamental ressaltar que, mesmo com evidências promissoras, o mastruz não deve substituir tratamentos convencionais para condições articulares graves.

Como utilizar o mastruz para inflamação no joelho

Existem diferentes maneiras de utilizar o mastruz para inflamação no joelho:

  1. Uso tópico (cataplasma): As folhas frescas podem ser maceradas e aplicadas diretamente sobre a região inflamada do joelho, mantendo por aproximadamente 4 horas.
  2. Maceração: Em uma vasilha, colocar uma xícara de planta picada em meio litro d’água e aplicar na região afetada.
  3. Suco: Preparar uma xícara da planta batida com água ou leite, coando em seguida.

Sempre ressalto que os pacientes interessados nesta abordagem devem ser cautelosos quanto à dosagem.

Os estudos experimentais utilizaram doses controladas (5 mg/kg mostrou-se mais eficaz que 0,5 mg/kg ou 50 mg/kg), o que reforça a importância da moderação e orientação profissional.

Precauções e efeitos colaterais do uso de mastruz

Apesar dos benefícios potenciais, é meu dever como ortopedista alertar sobre os riscos associados ao uso do mastruz.

Um estudo sobre toxicidade aguda mostrou que, em altas doses (3-7 g/kg), o extrato pode causar hipoatividade, anorexia e até mortalidade em modelos animais.

Em humanos, há relatos de intoxicação grave, especialmente em crianças. Um caso fatal foi documentado após ingestão repetida de altas doses da planta. Os efeitos tóxicos podem incluir complicações neurológicas, digestivas, hepáticas ou renais.

Diante desses riscos, recomendo fortemente que pacientes consultem um médico antes de iniciar qualquer tratamento à base desta planta, principalmente pessoas com comorbidades, gestantes, lactantes e crianças.

Quando procurar um ortopedista

Ao longo de minha trajetória profissional, tenho observado que muitos pacientes recorrem a tratamentos alternativos antes de buscar orientação médica especializada, o que pode retardar o diagnóstico e tratamento adequados de condições articulares.

Recomendo procurar um ortopedista nas seguintes situações:

  • Dor persistente no joelho por mais de duas semanas.
  • Inchaço, vermelhidão ou calor na articulação.
  • Limitação dos movimentos ou instabilidade articular.
  • Dor que piora com o movimento ou suporte de peso.
  • Quando há histórico de trauma ou lesão prévia no joelho.
  • Se houver febre associada à dor articular.

Um diagnóstico preciso é essencial para determinar o tratamento mais adequado.

Em meu consultório, realizo uma avaliação completa que pode incluir exames de imagem como radiografias, ultrassonografia ou ressonância magnética, dependendo da suspeita clínica.

Conclusão

Com base nas evidências científicas disponíveis e em minha experiência clínica, posso afirmar que o mastruz demonstra potencial promissor como coadjuvante no tratamento de inflamações no joelho, especialmente em casos de osteoartrite.

Estudos mostram que seu efeito anti-inflamatório está possivelmente relacionado à ação antagonista do ascaridol sobre os receptores NMDA.

É fundamental ressaltar que o mastruz não deve substituir tratamentos convencionais e sua utilização deve sempre ser discutida com um ortopedista. A automedicação, mesmo com produtos naturais, pode mascarar sintomas importantes ou causar efeitos adversos significativos.

Como ortopedista comprometido com o bem-estar de meus pacientes, recomendo uma abordagem integrada, que combine, quando apropriado, tratamentos convencionais e complementares, sempre baseados em evidências científicas e individualizados para cada caso.

A consulta com um especialista continua sendo o primeiro e mais importante passo para o tratamento adequado de qualquer condição articular.

Dr. Ulbiramar Correia

[CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240]. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia).