Em minha experiência clínica de mais de 15 anos como ortopedista especializado em joelho em Goiânia, tenho observado um número crescente de pacientes que chegam ao consultório com queixas relacionadas a cistos no joelho.
Os sintomas de cisto no joelho podem variar significativamente, desde manifestações discretas até quadros dolorosos que comprometem consideravelmente a qualidade de vida.
Compreender esses sinais é fundamental para o diagnóstico precoce e tratamento de acordo.
Neste artigo, abordarei os principais tipos de cistos que acometem a articulação do joelho, como identificar seus sintomas característicos, métodos diagnósticos e opções terapêuticas disponíveis.
O que são cistos no joelho?
Os cistos no joelho são lesões caracterizadas pelo acúmulo de líquido dentro de uma pequena bolsa, formando uma estrutura semelhante a uma bola.
Muitas pessoas desconhecem que existem diferentes tipos de cistos que podem afetar esta articulação. Os mais comuns são:
- Cisto de Baker (ou cisto poplíteo): Caracterizado pelo acúmulo de líquido sinovial que forma uma bolsa atrás do joelho, na região poplítea.
- Cistos meniscais: Formações de fluido próximo aos meniscos, geralmente associados a lesões meniscais.
- Cistos ganglionares: Massas compostas por fluido que geralmente se formam ao longo dos tendões ou articulações dos joelhos.
Dados epidemiológicos revelam que a prevalência de cistos poplíteos é significativa. Estudos com ressonância magnética indicam uma prevalência de aproximadamente 5% na população adulta, sendo maior em pacientes idosos.
Em minha prática clínica, constatei que quase 26% dos pacientes com dor no joelho apresentam cisto de Baker quando avaliados por ultrassonografia, o que está em consonância com a literatura internacional.
A distribuição epidemiológica é bimodal, com picos de incidência na infância (entre 4 e 7 anos) e na idade adulta (entre 35 e 70 anos).
É interessante mencionar que alguns estudos apontam que até 32% da população geral pode apresentar a condição, muitas vezes de forma assintomática.
Sintomas de cisto no joelho
Os sintomas de cisto no joelho podem ser bastante variáveis. Curiosamente, na maioria dos casos, os cistos são assintomáticos, sendo descobertos incidentalmente durante exames de imagem realizados por outras condições.
Quando sintomáticos, os pacientes relatam frequentemente:
- Crescimento de uma protuberância palpável na região do joelho, especialmente na parte posterior.
- Dores recorrentes, que geralmente pioram com atividades físicas ou ao final do dia.
- Sensação de crepitação e travamento da articulação ao movimentar o joelho.
- Dificuldade para dobrar ou esticar completamente o joelho.
- Sensação de pressão ou plenitude, particularmente ao estender ou flexionar a articulação.
- Estalos ou sensações de estalo durante a marcha ou movimentação.
Em casos mais complexos que tenho acompanhado, o cisto pode se romper, causando sintomas mais intensos e alarmantes.
Quando isso ocorre, o paciente relata dor súbita e aguda, seguida de inchaço que pode se estender para a panturrilha.
Nessa situação, torna-se necessário procurar um ortopedista para avaliar de perto os sintomas associados.
Na literatura médica, este quadro é conhecido como pseudotromboflebite, pois pode simular os sintomas de uma trombose venosa profunda.
Causas e fatores de risco
Os cistos no joelho raramente surgem isoladamente, e geralmente são consequência de outras condições articulares. Entre as causas mais comuns, destaco:
- Lesões meniscais, presente em até 82% dos casos de cisto de Baker em adultos.
- Osteoartrite do joelho, particularmente em pacientes acima de 50 anos.
- Artrite reumatoide, presente em aproximadamente 33% dos casos.
- Gota e outras artropatias inflamatórias.
- Traumas repetitivos na articulação do joelho.
Estudos clínicos demonstram que a presença de cistos poplíteos está positivamente relacionada à osteoartrite e ao derrame articular.
Em um estudo com 40 pacientes com evidência radiográfica de osteoartrite primária do joelho, 22% apresentavam cisto de Baker diagnosticado por ultrassonografia.
Diagnóstico
O diagnóstico preciso de cistos no joelho começa com uma avaliação clínica detalhada.
Em minha clínica, realizo um minucioso exame físico, buscando identificar aumento de volume na região posterior do joelho e aplicando testes específicos como o “Sinal de Foucher”, no qual o inchaço se reduz quando o joelho é flexionado a 45 graus.
Para confirmação diagnóstica e avaliação da extensão do cisto, utilizo exames complementares como:
- Ultrassonografia: Excelente para visualização de estruturas superficiais e avaliação dinâmica da lesão.
- Ressonância Magnética: Considerada o padrão-ouro para identificação precisa do tamanho e tipo de cisto, além de avaliar lesões associadas.
- Radiografia: Embora não visualize diretamente o cisto, ajuda a identificar alterações articulares subjacentes.
Quando um paciente apresenta sintomas como inchaço e dor na panturrilha, sempre considero a possibilidade de trombose venosa profunda como diagnóstico diferencial, solicitando exames específicos para sua exclusão.
Tratamentos disponíveis
O tratamento dos cistos no joelho deve ser individualizado, considerando a causa subjacente, a intensidade dos sintomas e o impacto na qualidade de vida do paciente.
Em minha prática, normalmente adoto uma abordagem em duas frentes:
- Tratamento da causa subjacente:
- Controle da osteoartrite ou artrite reumatoide.
- Tratamento apropriado para lesões meniscais.
- Gerenciamento de condições inflamatórias associadas.
- Abordagem direta do cisto:
- Medidas conservadoras: repouso, aplicação de gelo, uso de medicamentos anti-inflamatórios e fisioterapia para fortalecimento muscular.
- Aspiração do cisto guiada por ultrassonografia, frequentemente combinada com injeção de corticosteroides para reduzir a inflamação.
- Em casos refratários, cirurgia para remoção do cisto, realizada por meio de uma incisão na região poplítea.
Tenho observado que a maioria dos meus pacientes responde bem ao tratamento conservador quando combinado ao tratamento adequado da condição subjacente.
A cirurgia é reservada para casos específicos onde os sintomas persistem apesar das medidas conservadoras.
Importância do acompanhamento ortopédico
O acompanhamento regular com um ortopedista especializado em joelho é essencial para o tratamento adequado dos cistos articulares.
Durante as consultas de acompanhamento, é possível monitorar a evolução da condição, realizar ajustes no tratamento e fornecer orientações personalizadas para cada caso.
Os pacientes que mantenho em acompanhamento regular apresentam melhores resultados a longo prazo, com menor incidência de recidivas e complicações.
Recomendo consultas periódicas a cada 3-6 meses, dependendo da gravidade do caso e da presença de condições associadas.
Conclusão
Os sintomas de cisto no joelho podem variar de manifestações leves a quadros dolorosos que impactam significativamente a qualidade de vida.
Observo que o reconhecimento precoce desses sinais, associado ao diagnóstico preciso e tratamento adequado, proporciona os melhores resultados.
Se você identifica algum dos sintomas mencionados, recomendo buscar avaliação com um ortopedista especializado em patologias do joelho.
Em muitos casos, o cisto é apenas uma manifestação de outra condição articular que necessita de tratamento apropriado.
Com mais de uma década tratando estas condições, posso afirmar que a abordagem individualizada, considerando as particularidades de cada paciente, é o caminho para o tratamento eficaz dos cistos no joelho e para a restauração da qualidade de vida.
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