Lesão LCA – saiba tudo sobre lesão cruzado anterior

O nosso joelho é uma das articulações mais complexas do ser humano e, também, uma das mais importantes. Afinal de contas, é por conta dele que conseguimos nos manter de pé durante o dia inteiro, por exemplo. Uma lesão LCA pode acontecer a qualquer momento e ninguém está fora deste risco.

Fora isso, é ele que nos sustenta para fazer as atividades mais comuns e triviais do dia a dia, como andar, caminhar, correr, agachar etc. Ou seja, trata-se de uma parte do corpo que está em constante movimento, haja vista que é essencial para coisas mais básicas.

Então, devido ao fato de ser uma articulação que está trabalhando a todo momento, ela está um tanto suscetível a alguns problemas, doenças ou lesões. Dentre todos, pode-se citar tendinite, artrose, luxação e a lesão de cruzado anterior.

Mas o que exatamente é essa lesão? Quais são as suas possíveis causas? Será que esse é um problema do qual só se resolve mediante alguma intervenção cirúrgica? E quais são as pessoas que possuem mais chances de ter esse problema?

Essas são apenas algumas das dúvidas mais comuns quando se fala desse assunto. Sendo assim, se você foi diagnosticado com esse problema, ou mesmo conhece alguém que obteve esse diagnóstico, é essencial obter clareza a respeito de todas as questões.

Afinal de contas, manter-se informado é uma das formas de se manter mais tranquilo, uma vez que sabe exatamente do que trata o seu problema. Portanto, para obter ainda mais clareza sobre alguns pontos que permeiam esse assunto, é só se manter nesse artigo.

Então, sem mais delongas, vamos ao que realmente importa!

O joelho

Antes de falarmos sobre o que é LCA, é interessante que você entenda um pouco mais a respeito do nosso joelho. Isso vai facilitar muita coisa para que possa entender da melhor maneira do que se trata essa lesão.

Em suma, o joelho é uma das articulações mais fortes do ser humano, e o motivo é bem óbvio. Afinal de contas, é ele o responsável por sustentar o peso do corpo inteiro, todos os dias. Inclusive, esse é um dos motivos pelo qual ele é tão suscetível.

É por causa do joelho que conseguimos que a perna se mova em relação à coxa, ao mesmo tempo em que suporta o peso do corpo. Ou seja, estamos falando de uma articulação que é multifuncional, haja vista que é capaz de fazer mais de uma função ao mesmo tempo.

Além do mais, tais movimentos na articulação são essenciais para diversas atividades do cotidiano, bem como andar, correr, ficar de pé, sentar etc.

Como é a anatomia do joelho?

Trata-se de uma articulação sinovial, a qual é formada por três ossos, sendo eles: fêmur, tíbia e patela. No entanto, há dois processos convexos arredondados, os quais são conhecidos como côndilos. Eles ficam na extremidade do fêmur.

No entanto, eles encontram dois côncavos, também arredondados, na extremidade proximal da tíbia. Já a patela, fica bem em frente do fêmur, na superfície anterior do joelho, com a sua articulação lisa. Assim, forma processos em sua superfície posterior, a qual é voltada para o fêmur.

Todas as superfícies de formação de juntas de cada osso são cobertas por uma camada de cartilagem. Dessa forma, confere maior proteção aos ossos subjacentes de danos. Ademais, entre o fêmur e a tíbia, há uma camada, a qual tem forma de um oito, que é o menisco.

O menisco é uma das partes do joelho cuja finalidade é diminuir o choque dentro da articulação. Ou seja, evita a colisão dos ossos da perna durante algumas atividades mais pesadas, como saltar, correr etc.

E, bem como em todas as articulações sinoviais, há uma cápsula articular que envolve os ossos do joelho, o qual confere força e lubrificação. A camada externa é feita de tecido conjuntivo fibroso, contínuo com os ligamentos.

Dessa forma, mantém a articulação no devido lugar. Além do mais, o líquido sinovial é produzido pela membrana sinovial, a qual reveste toda a cápsula articular, além de preencher o espaço oco entre os ossos. Ou seja, minimiza o desgaste e a fricção.

E os ligamentos do joelho?

A grande parte dos ligamentos fortes rodeiam a cápsula articular do joelho, a fim de manter a sua estrutura mais reforçada e os ossos no devido alinhamento. Na face anterior, a patela fica no lugar devido ao ligamento patelar.

Contudo, ele se estende até a borda inferior da patela até a tuberosidade tibial da tíbia. Em seguida, vem o ligamento poplíteo oblíquo e o poplíteo arqueado, os quais unem o fêmur à tíbia e à fíbula da perna.

E, ao longo do lado medial do joelho, fica o ligamento colateral mediano, o qual conecta o lado mediano do fêmur com a tíbia. Fora isso, impede com que forças que sejam aplicadas do lado lateral do joelho movam-no medialmente.

Fora isso, entra os dois ligamentos internos: os cruzados anterior e o posterior. Ambos ajudam a manter o alinhamento adequado. O ligamento cruzado anterior é o mais anterior dos dois, o qual se estende a partir da superfície interna do côndilo.

Ele detém um papel essencial para prevenir hiperextensão do joelho, uma vez que ele limita o movimento anterior da tíbia. E, bem atrás desse ligamento, fica o cruzado posterior, que visa impedir o movimento posterior da tíbia, em relação ao fêmur.

LCA o que é e qual a sua função?

Já falamos de forma um pouco superficial a respeito dos ligamentos, mas vale a pena falar sobre o lesão de cruzado anterior, ou LCA joelho. Ainda que a articulação possua diversos ligamentos, esse é um dos que mais sofre lesão, e isso se dá por conta da sua anatomia.

Em suma, o LCA é um dos principais ligamentos que estabilizam o joelho. Ou seja, o mantém firme. Para você entender melhor, ele funciona como se fosse uma “corda” forte, a qual fica bem no centro do joelho, que vai do fêmur até a tíbia.

Então, quando há o rompimento do LCA, o paciente pode ter a sensação de que o joelho está saindo do lugar, ou como se estivesse frouxo. E isso acontece porque ele é o responsável por ligar dois ossos: o fêmur ao osso da tíbia.

Inclusive, o LCA tem 32 mm de comprimento e 10 mm de largura. Dessa forma, ele impede que a tíbia se desloque muito para frente, enquanto o joelho se movimenta, em especial quando envolve alguma rotação da perna.

Ao praticar algum esporte, o LCA é responsável por até 85% do controle, para que a sua perna não vá muito para frente. E é por essa razão que, quando o LCA rompe, o paciente tem mais dificuldade para praticar alguns esportes como basquete, futebol ou artes marciais, por exemplo.

Como acontece a lesão LCA?

Como dito nos tópicos anteriores, esse é um dos principais ligamentos do joelho. Por conta disso, ele está mais suscetível a sofrer algumas lesões. Mas como pode ocorrer a lesão LCA? Na verdade, há mais de uma situação capaz de ocasionar isso.

No entanto, é muito mais comum que a lesão de cruzado anterior aconteça durante a prática de algum esporte. E isso acontece devido ao fato de o LCA ser o responsável por cerca de 85% do controle durante a prática de algum esporte. Então, nessas situações, ele está mais “suscetível”.

A lesão acontece, na grande maioria dos casos, após algum movimento de torção do joelho, a famosa “entorse”. A maneira mais comum de ocorrer esse problema é quando você vai andar e, por algum motivo, o seu pé fica preso no chão. Dessa forma, apenas o joelho faz o movimento, e é onde ocorre a torção.

No entanto, há outras razões que podem ocasionar a lesão. Na verdade, a ruptura do ligamento cruzado anterior pode acontecer pelas seguintes razões:

Hiperextensão

Esse é o tipo de lesão LCA que acontece quando a articulação tem que se estender para trás mais do que a sua faixa normal de movimento. Então, quando isso acontece, algumas estruturas do joelho e a sua parte posterior sofrem bastante estresse.

Qualquer pessoa está suscetível a esse problema, desde adultos a crianças. No entanto, na grande maioria das vezes, isso acontece devido a uma queda inadequada após um salto, por exemplo. Ou seja, atletas estão mais suscetíveis ao problema.

Além do mais, a hiperextensão pode danificar alguns ligamentos, a cartilagem e outras estruturas que também contribuem para manter a articulação estável. Mas, em crianças, essa condição pode fazer com que o osso principal se desprenda.

Ademais, há várias causas para a hiperextensão. Mas ela costuma ser o resultado de uma pancada direta no joelho ou por conta de forças que foram geradas durante uma frenagem seca, por exemplo. Ainda pode ocorrer hiperextensão nos seguintes casos:

  • Quando, por algum motivo, o fêmur ou a rótula é empurrada sobre a tíbia e excesso de estresse em um ou mais ligamentos;
  • Impacto abrupto na frente do joelho. Nesse caso, ocasiona um movimento para trás da articulação. É mais comum em situações físicas traumáticas.

Quais são os sintomas da lesão LCA por hiperextensão?

Os sintomas de lesão do ligamento cruzado anterior podem variar de acordo com o que ocasionou o problema. Mas, nesse caso, o joelho pode dobrar de tamanho, uma vez que a tendência é que ele fique bastante inchado.

Fora isso, como há danos teciduais, o paciente sente bastante dor. E, nos casos mais graves, pode acontecer de os ligamentos serem lesados, tanto o cruzado anterior quanto o posterior. Ademais, na grande maioria das vezes, é comum que os ligamentos cruzados se rompam.

Por isso, os sintomas variam de acordo com o grau da lesão, da pessoa e da força de cada joelho. Mas os sintomas mais comuns são:

  • Perda de mobilidade: devido ao dano, a vítima sofre alteração na articulação. Inclusive, por conta desse fato, pode vir o inchaço;
  • Estabilidade reduzida: no caso de ter sido uma lesão leve, é bem provável que o joelho perca a estabilidade. Por consequência, o paciente tem a sensação de que a articulação vai falhar;
  • Dor: comum em qualquer situação em que há lesão. No entanto, a dor varia de acordo com a gravidade de cada caso. Além do mais, a dor é sentida no ligamento que foi afetado;
  • Edemas e inchaço: a inflamação pode aparecer tanto de forma imediata quanto demorar um pouco. No entanto, ela sempre vai aparecer. Fora isso, é normal que haja hematoma e edema ao redor da articulação. Afinal de contas, é a resposta natural do corpo quando há algum tecido ferido.

Traumas direto

Uma outra causa bem comum para o trauma LCA é o trauma direto, no entanto, ele pode ocorrer de forma direta ou indireta. No primeiro caso, é quando o choque ocorre direto no joelho, como alguma pancada, por exemplo.

Agora, o trauma indireto é aquele que a lesão não acontece direto no joelho, mas sim em outra parte do corpo. Contudo, nesse caso, o trauma é tão grande que faz com que a pessoa se desestabilize, caia e, por consequência, provoca a lesão do LCA.

Entretanto, independente da forma do trauma, ele pode ser rompido de 3 diferentes formas, onde cada um tem características únicas. São eles:

Trauma por pancada

Esse é um tipo de trauma por LCA que, como o próprio nome indica, é ocasionado devido a uma pancada muito forte, a qual causa uma fratura no joelho. No entanto, nesse caso, pode ser tanto por trauma direto quanto indireto.

Os maiores exemplos desse tipo é quando ocorre algum acidente de carro, queda de mais de dois metros de altura, cair de bicicleta, atropelamento etc. Contudo, nesse caso, além de fraturar algum osso do joelho, também há ruptura do ligamento.

É claro que isso vai variar de acordo com a gravidade de cada lesão e, por isso, pode acontecer de haver alguma lesão no menisco.

Trauma por contusão

Nesse caso, é quando há uma contusão em que um objeto ou outra pessoa lhe dá uma pancada na parte de trás do joelho. Ou seja, acaba o empurrando para frente. E, quando isso acontece, a tíbia se força para frente.

Quando o osso da tíbia vai para frente, acaba por tracionar o LC, que tende a romper. Traumas desse tipo são mais comuns quando alguém cai em cima de você, por exemplo. Contudo, há algumas “brincadeiras” que podem ocasionar esse problema.

Um exemplo é quando alguém empurra o joelho de outra pessoa quando ela está distraída. Ainda que pareça algo inocente, a depender da intensidade, pode gerar sim uma lesão um pouco mais séria.

Trauma por empurro

Ou seja, é o contrário da anterior. Nada mais é quando o joelho é empurrado para trás, o qual força e faz com que ele estique além do limite normal e, com isso, o ligamento também estica além daquilo que é o seguro e se rompe.

Algumas situações que podem ocasionar esse problema é quando alguém lhe dá um chute na canela, que é um golpe muito comum em algumas artes marciais, bem como o Muay Thai ou mesmo em lutas de MMA.

Fora isso, atropelamentos frontais, que é quando um veículo te atinge de frente, também é capaz de ocasionar esse mesmo tipo de lesão, apesar de ser menos comum. Esses são os principais tipos de lesão do LCA.

Contudo, vale destacar que esse problema pode ocorrer em decorrência de atividades mais simples do dia a dia. Ao cair em um buraco, por exemplo, ou mesmo quando não se vê um degrau no chão e pisa em falso, pode ocasionar esse mesmo problema.

Fato é que algumas distrações podem levar a entorse do joelho ou a lesão do ligamento cruzado anterior. Por isso, manter atenção em tudo aquilo que você faz é de grande importância, até mesmo para evitar que esse problema aconteça.

Quais são os tipos de lesão do ligamento cruzado anterior?

Outra coisa que você ainda precisa entender a respeito desse assunto, diz respeito aos tipos de lesão do ligamento cruzado anterior. Muita gente se pergunta sobre qual é a melhor forma de tratar essa questão ou mesmo o quão grave ela é.

Contudo, a verdade é que todas essas questões variam bastante de acordo com o tipo de lesão que você teve. Como dito lá no início deste artigo, o nosso joelho é uma articulação bastante complexa, a qual possui diversas estruturas.

Sendo assim, é impossível resumir a lesão do LCA em uma única coisa só. Inclusive, para saber qual é a melhor forma de tratar esse problema, o médico deve avaliar com mais precisão a lesão que você teve para, então, indicar o melhor tratamento.

Então, dentre os tipos de lesão do ligamento cruzado anterior, podemos citar os seguintes:

Lesão com contato do LCA

Trata-se do tipo de lesão que acontece em decorrência de algum impacto direto no joelho, que pode ser dos mais variados tipos, como um acidente, golpe de luta, drible, etc. Nesse caso, empurra o ligamento cruzado anterior além do limite normal, o que leva a lesão.

No entanto, esse é um tipo de lesão que pode vir em decorrência de uma fratura em outra estrutura do joelho, como a tíbia ou fêmur, por exemplo, ao que costuma seguir tanto uma lesão no menisco quanto a do LCA.

Além do mais, um impacto com certa força tanto na parte frontal quanto traseira é capaz de causar uma sobrecarga, o que eleva a capacidade elástica do LCA. Então, por conta disso, também leva ao rompimento.

Lesão sem contato do LCA

Como dito, esse é o tipo de lesão em que a pancada não foi direto no joelho, mas sim em decorrência de algum outro acidente. Ou seja, nada mais é quando você tem um acidente, por exemplo, a qual lhe desestabiliza, cai e bate com o joelho.

Lesão por excesso de pressão

Ou seja, é quando o indivíduo carrega muito peso, o que leva a “forçar” o joelho. Nesse caso, acaba exercendo muita pressão sob a articulação, a qual chega a ficar muito sobrecarregada. Então, diante desse fato, também pode ocorrer a lesão.

Contudo, esse problema acontece também com pessoas que estão acima do peso. Afinal de contas, o caminhar, acaba exercendo muito peso nas articulações do joelho, o que também é capaz de ocasionar algum tipo de lesão.

Inclusive, esse tipo de lesão, por mais que não haja nenhum impacto direto, ele é bem semelhante como se fosse. Afinal de contas, o peso em excesso, devido a ação da gravidade, empurra o joelho para frente, o que ocasiona o rompimento do LCA.

Isso quer dizer que pessoas que sofrem de obesidade mórbida estão suscetíveis a esse problema, mas eles não são os únicos. Afinal de contas, há atletas de levantamento de peso que são capazes de levantar mais que o dobro do próprio peso.

Por isso, diante dessa situação, por mais que seja por um espaço de tempo menor, devido à recorrência, eles também estão mais suscetíveis a esse tipo de problema. Então, competidores de powerlifting podem ter esse problema com mais facilidade.

Lesão por rotação do LCA

Como o próprio nome indica, trata-se do tipo de lesão que acontece devido ao movimento giratório. Nesse caso, não há nenhum tipo de contato direto com algum objeto que ocasionou a lesão. Por isso, ele se enquadra como sendo um tipo de lesão sem contato.

Essa é a famosa “entorse”. A entorse com valgo e rotação externa é bem semelhante à entorse com varo e rotação interna. E isso se dá porque, em ambos os casos, as entorses envolvem o fato de girar o corpo sobre o joelho.

A única coisa que muda é a direção no movimento. No caso do valgo e rotação externa, o joelho “cai para dentro”, enquanto o pé se mantém virado para faro, mas o resto do corpo gira para dentro. O paciente sente que algo aconteceu no mesmo segundo.

E isso ocorre porque, na grande maioria dos casos, há um estalo audível. Já o varo com rotação interna é o contrário do que citado antes. Isto é, quando o joelho cai para fora, o pé se mantém virado para dentro, mas o corpo gira para fora.

Contudo, independente de qual dos tipos de entorse for, tende a ocasionar uma ruptura. Por isso, de novo, pessoas que fazem algum esporte físico, em especial de esquiva, são mais suscetíveis a ter esse problema.

Então, artes marciais ou esportes que exigem drible, como handebol, basquete ou futebol, estão mais propensos a desenvolver esse problema. Além do mais, quem pratica alguma dança, como balé ou zumba, também pode ter mais chances de ter essa lesão.

Lesão LCA associada

Esse é o tipo de lesão em que afeta mais de uma estrutura do joelho, o que é um tanto quanto normal de acontecer. Contudo, nessa situação, pelo fato de se ter uma lesão a mais, trata-se de uma questão um pouco mais delicada de se resolver.

Além do mais, esse tipo de lesão é mais comum quando há um trauma direto. Ou seja, é quando o paciente sofre alguma pancada direto no joelho, como no caso de acidentes, por exemplo, em especial em atropelamento.

Afinal de contas, nessa situação, como o veículo tende a passar por inteiro no joelho, é comum que outras partes da articulação sejam afetadas, além do LCA. Outras estruturas que podem ser lesionada são:

  • Menisco medial;
  • Ligamento colateral medial;
  • Cartilagem articular.

Vídeo lesão do ligamento colateral medial – LCM

Lesão parcial do LCA

Ainda existe a possibilidade de acontecer apenas a lesão parcial do LCA, apesar de não ser a mais comum. Em suma, o ligamento cruzado anterior é composto por duas bandas: anteromedial e a postero-lateral.

Então, quando há uma lesão de baixa energia cinética, pode acontecer de haver apenas uma lesão parcial. Mas o que significa isso? Nada mais é quando uma dessas duas bandas não se rompe por inteiro.

Isso pode acontecer devido a entorses leves ou quando o joelho se estica além do seu limite fisiológico. A exemplo, podemos citar quando um lutador cai sobre o joelho esticado do seu adversário. Ou seja, o ligamento cruzado estica, mas não chega a se romper por inteiro.

De novo, esse não é o tipo de lesão mais comum. Contudo, a depender da situação, isso pode sim acontecer. E, devido ao fato de ser uma lesão de baixa energia cinética, tende a ser um caso muito mais fácil de resolver.

Lesão parcial do LCA precisa de cirurgia?

Ao falar desse assunto, a grande parte das pessoas procura saber se a ruptura parcial do ligamento cruzado anterior tem que operar. Como dito no tópico anterior, na grande maioria das vezes, tende a ser um caso mais simples e, por isso, a resolução não é tão complexa.

E isso leva muitas pessoas a crer que não exige cirurgia. No entanto, nem sempre é assim. Ainda que haja apenas a lesão parcial, a depender da gravidade e do caso do paciente, pode sim ser necessária a intervenção cirúrgica, ainda que não seja o mais comum.

Nos dias de hoje, o consenso mundial é que apenas se faz necessário a cirurgia em situações específicas, como:

  • Pessoas ativas assintomáticas;
  • Atletas;
  • Em caso de lesão associada.

Ainda que você tenha uma lesão parcial, isso não quer dizer que ela não possa ser associada. E é por essa razão que não se pode afirmar nem que sim, nem que não. A resposta mais adequada é que depende de cada ocasião.

Na grande maioria das vezes é preciso operar? Não. Contudo, não é possível levar como uma verdade absoluta, uma vez que o médico deve avaliar cada caso de forma individual para, então, indicar qual é a melhor forma de tratar determinado problema.

Lesão total do LCA

Em contrapartida, existe a lesão total do LCA. E, como o próprio nome indica, é quando acontece a ruptura de forma completa. E, ainda que esse seja um caso um pouco mais grave, a verdade é que esse é o tipo mais comum.

De acordo com as estatísticas, estima-se que cerca de 95% dos casos são de lesão total. Enquanto no caso anterior, acontece apenas de uma das bandas se romper, nesse caso, há ruptura das duas bandas do LCA.

Não se configura como lesão total quando uma das bandas se rompe e a outra se mantém íntegra. Apenas se configura por ser uma lesão total nos casos em que as duas bandas se rompem por inteiro. Inclusive, nesse caso, é comum que haja lesão associada.

Afinal de contas, para que as duas bandas se rompam, na grande maioria das vezes acontece por conta de um trauma ou pancada direta. Então, como na maioria dos casos o impacto é bem intenso, é normal que outras partes do joelho sofram as consequências.

No entanto, a ruptura completa do ligamento cruzado anterior, por ser a mais comum, a medicina já está muito bem preparada para lidar com essas situações. Inclusive, é por conta desse motivo que há diferentes tipos de cirurgia para esse caso.

Lesão total do LCA exige cirurgia?

Esse é um caso um pouco mais delicado, em que as duas bandas sofrem o impacto e se rompem. Ou seja, trata-se de algo um pouco mais grave. Além do mais, como citado no tópico acima, é comum que haja lesão relacionada.

Ou seja, tudo leva a crer que a intervenção cirúrgica é a alternativa mais recomendada, não é mesmo? Contudo, mesmo diante desse cenário, a verdade é que nem sempre a cirurgia se faz necessária. Apenas diante de uma avaliação médica que é capaz de definir se é preciso.

Nem sempre a cirurgia é o método mais eficiente para reabilitar o paciente. Fato é que há várias outras formas de tratamento não cirúrgico que são tão eficientes quanto qualquer um outro, a depender do caso do paciente.

Mas, ainda que o médico indique a cirurgia, fique tranquilo. E medicina avançou bastante com o passar do tempo. Tanto que, nos dias de hoje, é possível passar por uma cirurgia minimamente invasiva. É sobre isso que iremos falar a seguir.

Quais são os fatores de risco para lesão LCA?

Há sim alguns fatores que podem fazer com que uma pessoa tenha maior predisposição a ter alguma lesão do LCA. E, de acordo com alguns estudos mais recentes, é possível dividir em dois grupos, sendo eles:

  • Fatores intrínsecos: ou seja, é aquele inato da própria pessoa. Nesse caso, inclui alguma particularidade na anatomia do paciente. Além do mais, idade, lesões prévias e ser do sexo feminino também se enquadram nessa categoria.
  • Fatores extrínsecos: é aquele em que não há direta ligação com a anatomia da pessoa. Por isso, é quando há uma carga de treino muito alta ou mesmo por conta de algum trauma direto, por exemplo.

As mulheres estão mais suscetíveis a ter essa lesão LCA por conta do seu ciclo menstrual. De acordo com alguns estudos, o hormônio relaxina tende a afrouxar os ligamentos do corpo da mulher. Além do mais, ele reduz a síntese do colágeno.

Por isso, os ligamentos podem se tornar mais elásticos e ainda mais frágeis se comparado com o dos homens.

Cirurgia lesão LCA

Cirurgia lesão LCA - Ligamento Cruzado Anterior
Cirurgia lesão LCA – Ligamento Cruzado Anterior

A depender do quão grave é o seu caso, o médico pode chegar à conclusão de que a melhor forma de tratar o seu caso seja através da intervenção cirúrgica. Se esse for o caso, saiba que ainda haverá algumas avaliações.

E isso acontece porque há mais de um tipo de cirurgia lesão LCA, a qual é indicada para diferentes situações. Querendo ou não, todo tipo de cirurgia, por mais simples que pareça, tem alguns riscos, e todos eles devem ser avaliados pelo médico.

Por isso, antes de submeter o paciente a cirurgia, deve-se levar em consideração a sua condição física, idade, gravidade do caso, etc. Tudo isso é essencial para definir qual é o tipo de cirurgia mais adequada para o paciente.

Então, para que você possa entender um pouco mais sobre o assunto, abaixo iremos falar sobre quais são os tipos de cirurgia para lesão LCA.

Artroscopia

Esse é o tipo de cirurgia que os médicos mais preferem. E isso se dá devido ao fato de ser menos invasiva. Ou seja, não requer que se faça grandes aberturas no paciente, o que também implica na recuperação mais rápida do paciente.

Em suma, a artroscopia permite com que o médico olhe no interior de uma articulação, através de um equipamento específico. Através dele, é possível observar o menisco, cartilagem e os ligamentos da articulação.

Ou seja, o médico consegue ver como está o estado do joelho, o que permite que ele faça o diagnóstico completo e entenda quais são os locais que precisam de reparo. Além do mais, essa é uma cirurgia que não requer cortes grandes e, por isso, é menos dolorosa e oferece uma recuperação mais rápida.

Cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior

A reconstrução do LCA se dá quando o ligamento detém um estado muito mais crítico e que, por esse motivo, precisa ser reconstruído. Para tal, o médico deve fazer um enxerto, o qual serve como substituto do ligamento anterior, o qual foi rompido.

Os enxertos mais comuns são os de tendões de músculos posteriores da coxa ou do tendão patelar do próprio paciente. O melhor de tudo é que essa cirurgia tem evoluído bastante ao longo dos anos. Por isso, o novo ligamento está cada vez mais semelhante ao original.

Ademais, para essa cirurgia, deve-se fazer pequenos cortes, com ajuda da artroscopia. Dessa forma, deixa o procedimento ainda mais preciso e tende a facilitar o pós-operatório.

Tempo de cicatrização do enxerto LCA

No caso de haver a necessidade de reconstruir o LCA, deve-se fazer isso através do enxerto. Por conta disso, é comum que as pessoas queiram saber qual é o tempo de cicatrização do enxerto LCA. No entanto, isso pode depender de acordo com alguns fatores.

Primeiro que cada pessoa vai reagir a essa cirurgia de forma diferente. Por isso o organismo pode se ajustar com mais facilidade ou não. Além do mais, deve-se levar em consideração como o paciente lida com o pós-operatório.

Com certeza o médico irá passar uma série de cuidados, e isso influencia de forma direta o tempo que vai levar para que haja a cicatrização do enxerto do LCA. Mas, no geral, esse procedimento dura, no mínimo, entre 6 meses a um ano.

Osteotomia do joelho

Esse é o tipo de cirurgia em que se faz necessário um corte no osso, a fim de permitir a correção do alinhamento do membro inferior. Nesse caso, o intuito é de alterar a área da pressão em determinado lado ou compartimento do joelho.

Protocolo fisioterapêutico para pós operatório de lesão LCA

Assim que o paciente passa pela cirurgia, ele deve seguir um protocolo fisioterapêutico para pós operatório de LCA. Trata-se de uma etapa essencial para que o paciente possa se recuperar da melhor forma possível e fortalecer o joelho.

No entanto, não é qualquer tipo de exercício que o paciente pode fazer. Na verdade, todo o caso deve ser levado em consideração, para que o médico possa indicar aqueles que serão mais eficazes e que não exijam tanto dos joelhos.

Isso quer dizer que é preciso estabelecer um plano de tratamento individualizado. Por isso, o profissional deve avaliar as condições do joelho, idade e até mesmo a mobilidade do paciente. Tudo isso é importante.

Mas, na grande maioria dos casos, os exercícios de fisioterapia para LCA envolvem alongamento, mobilização da patela e, claro, o fortalecimento muscular, em especial os da coxa e do quadril, que são os que mais precisam.

O profissional ainda pode indicar o uso de TENS, a fim de diminuir a dor e melhorar a cicatrização do local. Além do mais, pode-se utilizar equipamentos como faixas para exercícios e caneleiras, por exemplo.

Isso acontece porque a resistência é um fator importante para que a musculatura se mantenha trabalhando da forma adequada. A sessão deve iniciar com algum tipo de aquecimento e alongamento, mas tudo sempre com a supervisão do profissional.

Exercícios para LCA

A fisioterapia é algo essencial para que o paciente consiga se recuperar. No entanto, o fortalecimento ligamento cruzado anterior exercícios são feitos como? Já salientamos que isso pode variar de caso para caso. Mas, no geral, os mais comuns são:

  • Exercício para dobrar o joelho: nesse caso, de início, deve ser feito com o auxílio do profissional. Afinal de contas, como a lesão ainda é recente, o paciente ainda está com a movimentação um tanto limitada;
  • Exercícios de isometria: trata-se de uma série de ações que o profissional passa a fim de fortalecer toda a coxa, inclusive a parte posterior;
  • Exercícios de fortalecimento: é quando o intuito é fortalecer os músculos da coxa. Por isso, deve-se fazer agachamentos, extensão e flexão do joelho etc.;
  • Alongamentos: de início, também deve haver a supervisão de um profissional. Contudo, à medida que as sessões avançam, o paciente pode fazer na sua própria casa.

Fora isso, não podemos deixar de citar que podem haver outros cuidados que o profissional pode indicar, bem como o uso de compressas de gelo, a qual se pode aplicar durante o repouso, com as pernas em elevação.

A bicicleta ergométrica e a eletroterapia são outras duas opções. Nesse último caso, o intuito é aliviar a dor e facilitar com que o ligamento se recupere, através do ultrassom ou TENS.

Tratamento lesão LCA sem cirurgia

Ainda que a cirurgia lesão LCA seja uma boa opção de tratamento, a verdade é que ela não é a primeira opção dos médicos. Na verdade, o tratamento conservador, aquele que não exige intervenção cirúrgica, é o mais comum.

Contudo, há algumas coisas que influenciam na escolha do médico em optar ou não por esse método. Deve-se levar em consideração a idade do paciente, grau de atividade física ou mesmo a demanda funcional.

Mas, caso o médico constate que esse é o método mais indicado, ele consiste basicamente na imobilização e fisioterapia. A imobilização é capaz de dar suporte para que o ligamento possa cicatrizar da forma adequada.

Além do mais, a fisioterapia tem outras finalidades, como para melhorar a mobilidade, dor, força muscular, flexibilidade, inchaço etc. Fora isso, é através da fisioterapia que o paciente reaprende algumas coisas mais simples do dia a dia.

Contudo, além da fisioterapia, o paciente deve ter uma orientação nutricional para manter o seu peso adequado e ganhar massa muscular. E isso se faz necessário porque, quando se está acima do peso, os riscos de lesão são maiores.

Por fim, o paciente ainda pode se beneficiar com a viscossuplementação, nutracêuticos e de ondas de choque, de acordo com a avaliação do seu ortopedista.

Como é a recuperação pós-cirurgia lesão LCA?

Isso também vai variar de acordo com o seu caso. Mas, no geral, estima-se que o tempo mínimo para que haja recuperação seja entre quatro e seis meses após a cirurgia. No entanto, a recuperação total ocorre em até um ano.

A recuperação total pode levar ainda mais tempo, a depender de alguns fatores específicos do seu caso. Contudo, durante todo esse período, o médico avalia três aspectos que devem ser trabalhados, sendo eles:

  • Mobilidade;
  • Propriocepção e equilíbrio;
  • Recuperação do quadríceps.

Esses três pontos são importantes para que, com o tempo, o paciente possa voltar para as suas atividades físicas diárias, bem como praticar os seus exercícios físicos de forma regular etc. Fora isso, também são formas de prevenir lesões futuras.

Além de tudo isso, o médico pode estipular o quadro do que se espera para a sua recuperação, a qual pode se estruturar da seguinte forma:

Primeiras 2 semanas

As primeiras duas semanas após a cirurgia tem como objetivo reduzir a inflamação, além de controlar o edema. Por conta disso, o paciente deve manter uma rotina mais suave, sem apoiar a perna tampouco carregar peso.

Colocar gelo e fazer compressão com a perna elevada também é importante. Nessa fase, o médico ainda indica alguns remédios anti-inflamatórios e analgésicos. Nas duas primeiras semanas, se faz exercícios, mas eles são um pouco mais reduzidos.

Da 3ª à 8ª semana

Mais ou menos quinze dias depois da cirurgia, o objetivo é ganhar mobilidade total, além de começar a recuperar a força. Por isso, as muletas podem ser descontinuadas, de forma progressiva. O intuito é fazer com que o paciente consiga andar sem muletas.

Por conta disso, é nessa fase que se deve dar início ao treinamento de equilíbrio, além de alguns exercícios que aumentem a força das pernas, bem como exercícios passivos de flexão de joelhos. Nessa fase, é interessante iniciar a trabalhar com a bicicleta e fazer caminhadas.

A partir de 2 meses

A partir do 2ª mês, a mobilidade deve ser completa. Então, o objetivo aqui é ganhar força, a fim de obter a recuperação total. Por isso, o paciente pode voltar a praticar alguns exercícios, como natação ou outros que fortalecem o quadríceps.

Corrida leve e contínua também é uma boa opção, mas desde que não cause dor nem desconforto. Além do mais, caso se sinta confiante, você pode intensificar as sessões de bicicleta ergométrica. Então, essa é a fase em que o joelho deve ser forçado até atingir seus níveis normais.

Mas lembre-se que você sempre deve respeitar seus limites. Não extrapole para não ocorrer um agravo. Então, ainda que nessa etapa você já faça alguns exercícios em casa, não deixe de manter o acompanhamento com o seu médico.

2ª ao 6ª mês

Essa é a etapa em que o paciente já está muito mais recuperado e, por isso, deve iniciar o fortalecimento muscular na fisioterapia. Por isso, pode-se dar início ao protocolo de eletroestimulação para, em seguida, dar seguimento a academia de ginástica.

Contudo, todos os exercícios são prescritos de forma individual. Por isso, o médico deve lhe avaliar e indicar quais são os mais indicados, de acordo com as suas características. Não é raro que, nessa etapa, haja o envolvimento de outros profissionais.

Do 6ª ao 9ª mês

Essa fase se chama “transição”, haja vista que é o momento em que o paciente começa a se preparar para voltar às suas atividades normais. E, aqui, inclui também o retorno à prática plena de algum esporte, no caso de atleta.

Por isso, é normal que nesse caso o profissional passe a treinar alguns gestos esportivos, como o ato de chutar a bola ou de fazer um drible, por exemplo. Faz-se isso até que o paciente consiga ser reinserido ao esporte.

Avatar photo
Dr. Ulbiramar Correia

Ortopedista especialista em joelho [CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240]. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia).